Walter Salles aparece de surpresa em aula sob o tema “Ainda estou aqui”
1º Batalhão da Tijuca, onde Rubens Paiva morreu, vai ser centro de memória da ditadura



Na aula “Literatura e Direitos Humanos”, na livraria Argumento, no Leblon, sob o tema “Ainda estou aqui”, nessa quarta (29/01), a plateia foi surpreendida com a chegada do diretor Walter Salles. A professora convidada Raquel Guerra, doutora em Direito Internacional, ficou muito emocionada e disse ao cineasta: “Depois do filme, mudanças profundas estão acontecendo na sociedade: primeiro, com a retificação da certidão de óbito e a abertura histórica do STF para investigar os crimes cometidos durante a ditadura. A título de exemplo, o ministro Flávio Dino se manifestou, dizendo que a Lei de Anistia não se aplica ao crime de ocultação de cadáver; na fundamentação da decisão, ele citou ‘Ainda estou aqui’. É a primeira vez que o STF se manifesta nesse sentido, ou seja, abre-se um precedente para que os crimes da ditadura sejam investigados e os responsáveis, sancionados.”
E segue: “Outro exemplo muito comovente foi a decisão recente de transformar o 1º Batalhão da Tijuca, lugar onde Rubens Paiva e outras vítimas foram torturadas e assassinadas, em um centro de memória da ditadura. Esses acontecimentos só foram possíveis por causa do filme.”
E Walter disse: “Que bom ouvir de você sobre o impacto que a arte está causando em direitos humanos. A retificação de óbito ainda é muito pouco!”.
Raquel perguntou ao Marcus Gasparian sobre as perdas do seu pai, Fernando, que tem grande representação no longa, como dinheiro, tristeza, exílio etc: “A maior de todas foi perder seu melhor amigo (Rubens Paiva)”, disse ele.
Sugeriu-se ao Marcus Gasparian, sócio da Argumento, a sequência das aulas com temas relacionados à época e ao filme. E uma das participantes quis saber: “Com ou sem Walter Salles?”