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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Vereador sobre orla: “Expectativa é que alguns itens não entrem em vigor”

Flávio Valle, autor do "Estatuto da Orla", está conversando com prefeito para rever alguns pontos

Por lu.lacerda
20 Maio 2025, 20h06
Audiência Pública sobre o Estatuto da Orla ficou lotada
Audiência Pública sobre o Estatuto da Orla ficou lotada  (Câmara de Vereadores/Divulgação)
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Flávio Valle tranquiliza trabalhadores da orla e diz que vai conversar com prefeito sobre alguns aspectos
Vereador Flávio Valle tranquiliza trabalhadores da orla e diz que vai conversar com prefeito sobre alguns aspectos (Câmara dos Vereadores/Divulgação)

A audiência pública sobre o novo “Estatuto da Orla”, nesta terça (20/05), na Câmara dos Vereadores, foi inflamado, com protestos de músicos que trabalham na orla, pedindo “não deixe o samba morrer”, barraqueiros preocupados e uma multidão que tomou o plenário.

A proposta é de autoria de Flávio Valle (PSD), presidente da Comissão de Turismo, depois do decreto de Eduardo Paes (PSD), publicado no DO na sexta (16/05), sobre novas regras de ordenamento de quiosques, calçadões, ciclovias e parques.

As medidas de Paes foram consideradas radicais e, até por isso, Flávio já está conversando com o prefeito sobre uma revisão, principalmente a que mais incomodou, a questão da proibição da música ao vivo e de qualquer tipo nos quiosques.

A coluna conversou com Valle para enumerar e tirar algumas dúvidas:

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1 – Você é a favor das medidas tomadas pelo prefeito, principalmente sobre a questão da música? O que pretende conversar com ele pra dar uma, digamos, afrouxada? O que sugere?

Sim, desde que a proibição do uso de caixas de som e música ao vivo não se estendam aos quiosques da orla. Considero fundamental que a orla — nosso maior ativo natural, econômico e turístico — tenha regras claras para garantir seu ordenamento. Isso inclui práticas esportivas até o comércio de barraqueiros, quiosques e vendedores ambulantes, além da utilização dos espaços por cariocas e turistas. Precisamos controlar ciclovias e calçadões e o uso excessivo de caixas de som sem comprometer a experiência dos frequentadores. Foi com essa preocupação que apresentei na Câmara Municipal o PL 488/2025, criando o  Estatuto da Orla. A iniciativa do prefeito é válida e necessária, mas há pontos que merecem ajustes e tenho conversado diretamente com ele para que possamos encontrar soluções mais adequadas. Um dos exemplos é a música, que faz parte da identidade cultural carioca e da experiência da nossa orla. Em vez de uma proibição absoluta, podemos criar regras claras. Quero buscar um consenso que preserve a vitalidade cultural da orla e, ao mesmo tempo, assegure um ambiente ordenado.

2 – Na audiência pública, o que mais te pediram? E o que mais acredita ser pertinente mudar no decreto?

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As maiores preocupações foram relacionadas à restrição total ao uso de caixas de som, instrumentos musicais e apresentações ao vivo nos quiosques. E houve forte resistência quanto à proibição de colocar nomes, marcas, logotipos ou quaisquer formas de identificação nas barracas. Esses aspectos precisam ser ajustados e pretendo incluir no Estatuto da Orla uma seção específica quanto à música e também para a montagem das barracas, assegurando que cada uma possa ter seu nome, mas sem comprometer visualmente a paisagem da orla, algo padronizado, evitando excesso de publicidade ou estruturas que destoem a identidade visual do Rio. Essa é uma construção coletiva que precisa considerar as necessidades de todos os envolvidos.

3 – Barraqueiros já estão até mudando a aparência das barracas… Eles vão ter quanto tempo para adequação? Precisa de desespero?

O prazo é de 15 dias a partir da sua publicação, mas entendo a preocupação dos barraqueiros e comerciantes, e estou pessoalmente em diálogo com o prefeito. Minha expectativa é que esses itens do decreto não entrem em vigor da forma como estão e estou trabalhando ativamente. Não há necessidade de desespero.

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4 – Como vai funcionar a fiscalização numa extensão de 86km?

Embora com 86km de extensão, sabemos que temos pontos quentes na orla e a fiscalização envolve órgãos responsáveis pelo ordenamento urbano e pela segurança pública. Muitas vezes eles mesmos têm dificuldades de entender o que pode e o que não pode e para isso existe o novo Estatuto. Também precisamos contar com a colaboração da população. O envolvimento de comerciantes, frequentadores e moradores na identificação de irregularidades será essencial.

5 – O carioca está preocupado, por exemplo, de o novo estatuto deixar a orla sem a cara do Rio… Porque o estilo de vida carioca é exatamente o da “bagunça organizada”, uma espontaneidade em que você sai da praia e cai numa roda de samba e assim vai. Não vai perder o charme? Num dos abaixo-assinados criados, o texto diz que soa “contraditório, vindo de um prefeito apaixonado pela vitalidade de rua do Rio e que acaba de promover um megaevento planetário em Copacabana”.

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Essa preocupação faz todo sentido, e é justamente por isso que pretendo que a orla preserve a identidade carioca, sem perder o charme e a espontaneidade. Há formas inteligentes de organizar sem sufocar a essência, garantindo que rodas de samba, apresentações espontâneas e o comércio local continuem fazendo parte da experiência da cidade.

6 – Paes citou algo, na sexta, como criar um depósito para os barraqueiros de Ipanema e buscar alternativas semelhantes também em Copacabana e Barra. Isso está nos planos e como funcionaria?

Essa questão da guarda de materiais dos barraqueiros é uma demanda antiga e legítima, pois garantir um espaço adequado para armazenamento facilita a organização e melhora as condições de trabalho de quem depende da orla para sustentar suas famílias. Fico feliz que o prefeito esteja sensível a isso e buscando alternativas.

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Sugestões do Estatuto da Orla:

– padronização de chuveirinhos
– instalação de pontos de hidratação
– instalação de bicicletários
– restauração de escadas e corrimões
– aumento da faixa de areia de Ipanema e Leblon
– revitalização de espaços integrados à orla, como calçadas, ciclovias e faixas
– renovação de guarda-sóis, segundo Flávio, “se possível, em parceria com a iniciativa privada”; entre outros.

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