Imagem Blog

Lu Lacerda

Por Lu Lacerda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista apaixonada pelo Rio

Vereador sobre orla: “Expectativa é que alguns itens não entrem em vigor”

Flávio Valle, autor do "Estatuto da Orla", está conversando com prefeito para rever alguns pontos

Por lu.lacerda
Atualizado em 21 Maio 2025, 10h35 - Publicado em 20 Maio 2025, 20h06
Audiência Pública sobre o Estatuto da Orla ficou lotada
Audiência Pública sobre o Estatuto da Orla ficou lotada  (Câmara de Vereadores/Divulgação)
Continua após publicidade
Flávio Valle tranquiliza trabalhadores da orla e diz que vai conversar com prefeito sobre alguns aspectos
Vereador Flávio Valle tranquiliza trabalhadores da orla e diz que vai conversar com prefeito sobre alguns aspectos (Câmara dos Vereadores/Divulgação)

A audiência pública sobre o novo “Estatuto da Orla”, nesta terça (20/05), na Câmara dos Vereadores, foi inflamado:protestos de músicos que trabalham na orla, pedindo “não deixe o samba morrer”, barraqueiros preocupados e uma multidão que tomou o plenário.

A proposta é de autoria de Flávio Valle (PSD), presidente da Comissão de Turismo, depois do decreto de Eduardo Paes (PSD), publicado no DO na sexta (16/05), sobre novas regras de ordenamento de quiosques, calçadões, ciclovias e parques.

As medidas de Paes foram consideradas radicais. Até por isso, Flávio já está conversando com o prefeito sobre uma revisão, principalmente a que mais incomodou: a proibição da música ao vivo e de qualquer tipo nos quiosques.

A coluna conversou com Valle para enumerar e tirar algumas dúvidas:

Continua após a publicidade

1 – Você é a favor das medidas tomadas pelo prefeito, principalmente sobre a questão da música? O que pretende conversar com ele pra dar uma, digamos, afrouxada?O que sugere?

Sim, desde que a proibição do uso de caixas de som e música ao vivo não se estendam aos quiosques da orla. Considero fundamental que a orla — nosso maior ativo natural, econômico e turístico — tenha regras claras para garantir seu ordenamento. Isso inclui práticas esportivas até o comércio de barraqueiros, quiosques e vendedores ambulantes, além da utilização dos espaços por cariocas e turistas. Precisamos controlar ciclovias e calçadões e o uso excessivo de caixas de som sem, comprometer a experiência dos frequentadores. Foi com essa preocupação que apresentei na Câmara Municipal o PL 488/2025, criando o  Estatuto da Orla. A iniciativa do prefeito é válida e necessária, mas há pontos que merecem ajustes; por isso, tenho conversado diretamente com ele para que possamos encontrar soluções mais adequadas. Um dos exemplos é a música, que faz parte da identidade cultural carioca e da experiência da nossa orla. Em vez de uma proibição absoluta, podemos criar regras claras. Quero buscar um consenso que preserve a vitalidade cultural da orla e, ao mesmo tempo, assegure um ambiente ordenado.

2 – Na audiência pública, o que mais lhe pediram? E o que mais acredita ser pertinente mudar no decreto?

As maiores preocupações foram relacionadas à restrição total ao uso de caixas de som, instrumentos musicais e apresentações ao vivo nos quiosques. E houve forte resistência quanto à proibição de colocar nomes, marcas, logotipos ou quaisquer formas de identificação nas barracas. Esses aspectos precisam ser ajustados, e pretendo incluir, no Estatuto da Orla, uma seção específica quanto à música e também para a montagem das barracas, assegurando que cada uma possa ter seu nome, mas sem comprometer visualmente a paisagem da orla — algo padronizado, evitando excesso de publicidade ou estruturas que destoem da identidade visual do Rio. Essa é uma construção coletiva que precisa considerar as necessidades de todos os envolvidos.

3 – Barraqueiros já estão até mudando a aparência das barracas… Eles vão ter quanto tempo para adequação? Precisa de desespero?

O prazo é de 15 dias a partir da sua publicação, mas entendo a preocupação dos barraqueiros e comerciantes; por isso, estou pessoalmente em diálogo com o prefeito. Minha expectativa é que esses itens do decreto não entrem em vigor da forma como estão. Estou trabalhando ativamente. Não há necessidade de desespero.

Continua após a publicidade

4 – Como vai funcionar a fiscalização numa extensão de 86km?

Embora com 86km de extensão, sabemos que temos pontos quentes na orla e que a fiscalização envolve órgãos responsáveis pelo ordenamento urbano e pela segurança pública. Muitas vezes, eles mesmos têm dificuldades de entender o que pode e o que não pode; para isso, existe o novo Estatuto. Também precisamos contar com a colaboração da população — o envolvimento de comerciantes, frequentadores e moradores na identificação de irregularidades será essencial.

5 – A preocupação do carioca, por exemplo, é que o novo Estatuto deixe a orla sem a cara do Rio… Porque o estilo de vida carioca é exatamente o da “bagunça organizada”, uma espontaneidade em que você sai da praia e cai numa roda de samba, e assim vai. Não vai perder o charme? Num dos abaixo-assinados criados, o texto diz que soa “contraditório, vindo de um prefeito apaixonado pela vitalidade de rua do Rio e que acaba de promover um megaevento planetário em Copacabana”.

Essa preocupação faz todo o sentido, e é justamente por isso que pretendo que a orla preserve a identidade carioca, sem perder o charme e a espontaneidade. Há formas inteligentes de organizar sem sufocar a essência, garantindo que rodas de samba, apresentações espontâneas e o comércio local continuem fazendo parte da experiência da cidade.

6 – Paes citou algo, na sexta, como criar um depósito para os barraqueiros de Ipanema e buscar alternativas semelhantes também em Copacabana e Barra. Isso está nos planos, e como funcionaria?

Essa questão da guarda de materiais dos barraqueiros é uma demanda antiga e legítima, pois garantir um espaço adequado para armazenamento facilita a organização e melhora as condições de trabalho de quem depende da orla para sustentar suas famílias. Fico feliz que o prefeito esteja sensível a isso e buscando alternativas.

Continua após a publicidade

Sugestões do Estatuto da Orla:

– padronização de chuveirinhos;
– instalação de pontos de hidratação;
– instalação de bicicletários;
– restauração de escadas e corrimões;
– aumento da faixa de areia de Ipanema e Leblon;
– revitalização de espaços integrados à orla, como calçadas, ciclovias e faixas;
– renovação de guarda-sóis, “se possível, em parceria com a iniciativa privada” (segundo Flávio); 
– e outras.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de 35,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.