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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Rejane Guerra (jornalista): “Roubaram meu celular e vivi um inferno”

"Conclusão: é melhor não falar ao telefone, na Rua Garcia d'Ávila, no horário do almoço"

Por lu.lacerda
Atualizado em 18 jan 2025, 12h24 - Publicado em 18 jan 2025, 08h00
Rejane Guerra
 (Reprodução/Reprodução)
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Antes tão sofisticada e tranquila, a Rua Garcia d’Ávila, em Ipanema, que está para o Rio como a Oscar Freire, para São Paulo, era um pedaço do paraíso, um shopping a céu aberto, com as grifes mais bacanas do mundo, entre bares, restaurantes e muitas joalherias, onde muitos turistas visitam para comprar as famosas pedras brasileiras. É uma Torre de Babel, onde se escutam muitos idiomas pelas calçadas. Esta semana, meu celular foi roubado exatamente na Garcia, num lindo dia de sol, às 14:30h. Uma moto passou com dois jovens, e o que estava na garupa, de camisa branca e capacete, arrancou o aparelho da minha mão, mostrando uma incrível expertise. Daí em diante, vivi um inferno. Os motociclistas fugiram pela Prudente de Morais — um acinte, pois, logo na esquina, existe um esquema de segurança 24 horas para proteger um mercado. O toque do ladrão no meu pulso foi assustador; a  partir daí, entrei no inferno, um labirinto de horrores. Senti o amargor entre tantas delícias, de ser carioca.

Nesse momento, todos os atores sociais começaram a atuar. Fiquei perplexa.

Da esquina, algumas pessoas que viram a cena começaram a comentar que, no dia anterior, houve um roubo idêntico ali, naquele mesmo local, mas todos pareciam amortecidos, já acostumados. Alguém falou que esses roubos andam acontecendo com frequência naquela área, próximo à esquina da Visconde de Pirajá. Uma jovem disse que estava vindo do Arpoador e que lá estava tão policiado que tinha até cavalaria, enquanto ali, ponto tão importante da cidade, nada. Todos faziam comentários e seguiam a sua vida, resignados, mas só um entregador do mercado próximo, empurrando sua bicicleta, me sugeriu que fosse imediatamente até uma guarita da polícia, instalada em frente ao supermercado Zona Sul, para que eles perseguissem os bandidos a tempo. Lá estive, mas não tinha nenhum policial a postos, como nunca tem mesmo.

Aturdida, voltei ao lugar do crime e aí fui abordada por um segurança do restaurante Delírio Tropical, que, do seu posto de trabalho, tinha visto a cena, aproximou-se e me orientou a procurar dois guardas da Segurança Presente, contratados pela prefeitura, que estavam muito próximos, mas nada viram ou ouviram. Sempre em dupla, eles ficaram estáticos; um deles interrompeu o olhar em seu celular, mas não demonstrou a menor empatia com as dores da cidadã aqui. O segurança do Delírio Tropical, meu herói, pediu a eles que ligassem para a polícia e informassem o que aconteceu, o mais rápido possível. Enquanto um deles ligava, ele ia orientando: “Diga que eles são conhecidos aqui na área e estão atuando todo dia e é sempre às 14h. Eles aproveitam a hora do almoço, quando as pessoas estão mais relaxadas circulando pela rua. Ontem foi exatamente assim”.

E o segundo round não foi melhor: corre para a operadora para bloquear a sua linha, e foi o que fiz. A funcionária disse que tudo estava ok, pois eles não poderiam acionar mais o meu aparelho. Corri para o meu banco e me informaram que não precisava fazer nada, já que os ladrões não tinham a minha senha. E pensei: que alívio! Fui para a 14ª DP do Leblon, e eles informaram que não se faz mais BO presencial: “Agora, só online”. E desafio alguém a fazer um BO online no RJ: não se conclui, o aplicativo é lento, não reconhece a Rua Garcia d’Ávila no sistema. Tentam-se, uma, duas, três… e nada. É preciso dar uma pausa; só consegui no final da tarde. Isso acontece porque, no Rio, tem muito assalto congestionando o sistema, ou o aplicativo que é ruim? Fica a dúvida. Enfim, no final da noite, a vitória: consegui a confirmação de que a operação do BO foi um sucesso.

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No dia seguinte, ligou um homem, se apresentando como um investigador da polícia. Mas receber uma chamada da Polícia? É estarrecedor. Não me lembrava de nenhum crime cometido, mas o que será que aconteceu? Ele se apresenta, dizendo que teve acesso ao BO e que sugeria que eu bloqueasse todos os aplicativos de bancos. Mas como, se disseram que não era preciso? E ele avisou que os bandidos estão usando todos os dados do aparelho antigo, fazendo compras e conseguindo empréstimos. Sugiro que vá imediatamente bloquear tudo; os prejuízos estão na ordem de R$ 20 a R$ 30 mil reais. O policial parecia um anjo: como pode, no meio de tanto abandono, ter o trabalho de ligar? Muito obrigada, o seu gesto é comovente.

Corri para o primeiro banco. As atendentes me orientaram a ligar, mas não fazer presencialmente. Mas como? Não estou aqui. É urgente! E ela: “A senhora é cliente UniClass?”. Irônica, revidei: “Por quê? Se fosse, o tratamento seria melhor? Pensei em atingi-la com essa farpa, mas me surpreendi quando respondeu: “Sim”.

Em seguida, o meu técnico do computador advertiu-me: “Troque todas as senhas dos seus e-mails; agora é importante entrar na sua conta Google e mandar apagar remotamente tudo que está no celular roubado. E bloquear também o IMEI do aparelho. Conclusão: é melhor não falar ao telefone, na Rua Garcia d’Ávila, no horário do almoço.

Rejane Guerra é jornalista. 

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