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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Rafaella Machado na Bienal: a editora que vem surpreendendo o mercado

Bienal: "O desafio hoje não é mais o jovem, mas o adulto, que não lê”, diz Rafaella Machado

Por lu.lacerda
Atualizado em 10 jun 2025, 21h17 - Publicado em 10 jun 2025, 12h00
afaella Machado, editora-executiva dos selos jovens Galera e Verus, do Grupo Record
Rafaella Machado, diretora-executiva dos selos jovens Galera e Verus, do Grupo Record (./Divulgação)
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A Bienal do Livro, no Riocentro, a partir desta sexta (13/06), terá um forte apelo para o público jovem, com encontros de fãs, ativações, vendas e edições especiais. “Adolescentes e adultos jovens já respondem por uma boa parcela da venda de livros no país”, explica Rafaella Machado, editora-executiva dos selos jovens Galera e Verus, do Grupo Record, um dos nomes destacados desse mercado. Sob seu guarda-chuva, estarão mais ou menos 80 lançamentos este ano, um crescimento superior a 300% comparado a 2021.

Rafaella, 39 anos, identificou esse segmento e direcionou seu foco para o que nem todos do mercado viam com clareza. “O que virou a chave para mim foi compreender que o papel do editor mudou: não devemos mais ser um filtro do que o leitor vai ou não ler, mas sim uma ponte que viabiliza os títulos que o leitor quer. Sem dúvida, foi um exercício de humildade e de escuta”, diz. Havia dois problemas que afastavam o leitor mais novo, segundo Rafaella. Um deles era a maior parte dos títulos ser escrita por adultos que produziam o que eles achavam que o jovem deveria ler, levando à predominância de conteúdos moralistas e tradicionais. O outro era a distância da realidade local — enquanto o brasileiro queria muito investir em autodescoberta e pertencimento, muitos conteúdos eram voltados à realidade de fora do país. Nesse contexto, abriu-se espaço para livros com temáticas voltadas à diversidade, como para o público LGBT+, uma aposta certeira. Títulos de fantasia, em especial os que misturam romance, a “Romantasia”, também viraram febre. “Esses livros movimentam todo um ecossistema que aquece o mercado editorial. Envolve fã-clubes, autores novos, eventos, edições especiais e objetos temáticos, além, claro, de comunidades online”.

Ou seja: não é que o jovem não leia; ele apenas não se identifica, muitas vezes, com o que é oferecido. “O desafio hoje não é mais o jovem, mas o adulto, que não lê”, afirma. Para a Bienal deste ano, reportada como a maior de todas as edições na cidade, a Record terá um estande para brasilidade. “Será como uma casa bem brasileira, com chão de caquinhos, arte regional e até capítulos de lançamentos diagramados como literatura de cordel”, conta Rafaella.

Rafaella pertence à 3ª geração de uma família de editores. Quatro décadas atrás, seu avô Alfredo fundou a Record, hoje um dos maiores grupos editoriais do país, e seu pai, Sérgio, liderou a empresa por anos, até a sua morte, em 2016, causada por um tumor cerebral. “Meu avô tinha a percepção de que não bastava publicar títulos para intelectuais. Ele foi pioneiro em valorizar a literatura voltada para o grande público”, diz.

Criada entre grandes autores, que faziam parte do círculo de amigos da família, Rafaella tem boas histórias: foi na sua mesa de trabalho que Jorge Amado terminou de escrever “Tieta do Agreste”, na casa de campo de seu avô, em Petrópolis. Já Christiane F., a autora de um livro-febre na década de 1980, foi responsável pelo seu primeiro porre, em uma viagem à Europa, na adolescência. “Foi a pior ressaca da minha vida”.

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Vivendo o mercado editorial desde sempre, Rafaella conseguiu imprimir uma marca própria ao seu trabalho. Assim, tem ganhado visibilidade crescente na área, ao ler os sinais dos novos tempos (ou dos novos leitores) — uma visão que vem de berço.

Com Paula Neiva

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