“Pneulândia”: um problema crônico nas lagoas cariocas
"Esse é um material que não se decompõe nunca e vai dar ainda muito trabalho na execução da dragagem, pois nenhuma draga dá conta", diz biólogo


O biólogo Mario Moscatelli e equipe contaram 157 pneus que surgiram na maré sizígia (quando o nível da água desce além do normal), na Lagoa da Tijuca, só nesta segunda (16/06).
“Esse é um material que não se decompõe nunca e vai dar ainda muito trabalho na execução da dragagem, pois nenhuma draga dá conta de tamanho volume de resíduos, principalmente pneus, e nada sobrevive a esse tipo de borracha. O mundo vai acabar, outras espécies alienígenas virão e vão ver isso aí. Resultado de 50 anos de crescimento a qualquer custo, sem gestão, eles escoam pelos rios sem parar e vão se acumulando na lama onde vão segurando ainda mais resíduos”, diz o biólogo.
Estima-se que o tempo de decomposição dos pneus seja de aproximadamente 600 anos – existe uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente que estabelece leis e metas e obriga os fabricantes e importadores a darem um destino final adequado aos pneus que não servem mais, desde 1999.
De acordo com dados da Agência Brasil, mais de 450 mil toneladas de pneus são descartadas anualmente no Brasil e eles são de borracha derivada de petróleo e uma variedade de produtos químicos, um desafio ambiental. “A permanência prolongada no ambiente contribui para a poluição do solo e da água, além de criar locais propícios para a proliferação de mosquitos. Portanto, além do trabalho de dragagem em andamento, há a necessidade urgente da ajuda da população, que não pode continuar usando os rios como lixeira”, explica Mario.
Em 2010, o Ibama instituiu a produção de um relatório anual, onde toda a cadeia do setor deve fornecer informações de unidades produzidas, importadas e exportadas – mas, como sabido, filho feio não tem pai e esses descartes são feitos em toda a região metropolitana do Rio.