Peça “TIP”, com Milla Fernandez: sexo virtual com aprovação do marido
Foram quase 500 madrugadas de shows. No início, cada um durava 10h. “Digamos que, se eu quisesse ‘seguir carreira’, poderia me aposentar aos 30
Parece ficção: uma mulher recebe apoio do marido pra ganhar uma renda extra como camgirl (garota da câmera), fazendo apresentações eróticas ao vivo na internet.
Mas a história é real e agora oficial, com estreia no Teatro Firjan Sesi, a partir de 4 de dezembro. O diretor Rodrigo Portella dirige Milla Fernandez, sua mulher, numa autoficção inspirada na experiência dela durante a pandemia. Sem perspectiva e com boletos, Milla encontrou no sexo virtual uma forma de renda imediata. No palco, com humor e um certo veneno, ela reflete sobre tudo o que viveu.
Foram quase 500 madrugadas de shows. No início, cada um durava 10h. “Digamos que, se eu quisesse ‘seguir carreira’, poderia me aposentar aos 30. Comecei pelo dinheiro, mas tive ganhos além do financeiro. Me sustentei, investi na minha carreira e ajudei a família. Mas também foi um período de muita escuridão. Ser bem-sucedida como camgirl me gerou raiva, medo e ansiedade num nível que eu jamais imaginaria. A cada show, parecia que eu me afastava da pessoa que eu ‘deveria’ ser. Só quando cheguei no fundo do poço, na dor, aprendi a abrir mão das expectativas dos outros e encontrar a minha própria satisfação.”
Com humor ácido, “TIP (gorjeta, em inglês) — antes que me queimem eu mesma me atiro no fogo” transforma fracassos, constrangimentos e catástrofes íntimas em munição cômica. Nada escapa: nem a pornografia, nem a profissão, nem o desejo alheio — tudo depilado com ironia cirúrgica.
Sobre a decisão de compartilhar tudo com a família, Milla diz que honestidade também é performance de risco. “Ser dirigida pelo meu marido é um presente. Ele acompanhou tudo — desde a minha caça desesperada por renda na pandemia até o meu último show. Ele me dava boa noite antes de eu começar e bom dia quando eu acabava. Mas, na hora do show, estava dormindo no quarto ao lado. Chegou até a brincar que assistiria anonimamente no chat, mas acho que ele preferiu ficar só no presencial mesmo (risos).”
A peça foi ensaiada em Barcelona, onde o casal mora. A trilha é de Federico Puppi e Leo Bandeira, com participação da própria Milla, que toca sax durante o espetáculo. O figurino é de Karen Brusttolin, cuidadosamente pensado para fugir dos clichês — porque, convenhamos, clichê ela já viu de sobra
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