Passado sujo: lixo dos anos 60 flutua pelas lagoas — e nem precisa lupa
Foram recolhidas mais de 300 toneladas de lixo em dois anos e meio das margens do Camorim e trechos da Lagoa da Tijuca




Se você já era nascido, qual a sua idade no fim da década de 60? No Dia Mundial do Combate à Poluição, nesta quinta (14/08), o biólogo Mario Moscatelli encontrou esse saco de leite em pó com ano de validade de 1969, na lagoa do Camorim, na Zona Oeste, do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição (INAN), órgão do Ministério da Saúde extinto em 1998.
Mario também contabilizou mais de 300 toneladas de lixo recolhidas em dois anos e meio das margens do Camorim e trechos da Lagoa da Tijuca, além de mais de 150 toneladas removidas de mais ou menos 5 mil m² de manguezais da península do Caju. “Sem dúvida estamos numa guerra fratricida e a questão da disposição indevida do lixo é estrutural, civilizatória que precisa ser resolvida senão vamos naufragar em detritos junto com nossa qualidade de vida”, diz ele.
Mal comparando, 300 toneladas de lixo comum caberia em mais ou menos 25 a 37 caminhões compactadores, a mesma quantidade de resíduos volumosos (sofás, armários, pneus) ocuparia muito mais espaço, sendo necessários de 40 a 60 caminhões-caçamba.
A Iguá, concessionária das lagoas da Zona Oeste, tem a previsão de remanejar o equivalente a mil piscinas olímpicas de sedimentos e lodo acumulados no fundo das lagoas, em áreas onde, por décadas, foram descartados lixo e esgoto, o que permitirá restaurar os canais naturais de conexão das lagoas com o mar e melhorar a qualidade da água e o ecossistema da região.