Milton Cunha em aula-espetáculo: “Tinha pressa em abandonar a pequeneza”
O projeto “Formar Cultura” teve sua 5ª aula com convidados que falaram sobre “Territórios e a Produção Criativa”





Seguindo com as aulas-espetáculos, o “Formar Cultura” lotou o Teatro Cacilda Becker, no Catete, nessa segunda (10/02), para ouvir dos convidados sobre “Territórios e a Produção Criativa”.
Entre eles, o apresentador Milton Cunha, que levantou a calça até o joelho e tirou a sandália pelo calor intenso, depois de bater cabelo, cantando Joelma e relembrando seu passado em Belém do Pará: “Eu tinha pressa em abandonar a pequeneza: queria voar, pegar o pau de arara e ir embora. A educação me ajudou a sair mais rápido – as almas eram pequenas. Eu, muito jovem, com 10 anos, me enfiava nos cineclubes para assistir a Godard, Truffaut, Bergman… Havia um mundo artístico que não era pobre, não era miséria. Você não cabe nas prateleiras quando é uma criança-viada. Os adultos ficam desesperados. Você desmunheca, e eles ficam pra morrer, os vizinhos, a diretora do colégio… Muito cedo, experimentei a solidão e a liberdade. Eu era o pecado e me achava a 8ª maravilha do mundo. Quem estava perdido eram eles; eu estava encontradíssimo”. Aplausos sem fim.
O ator e diretor Tonico Pereira também levou a plateia à loucura com a sua espontaneidade: “Quando vim para o Rio (nasceu em Campos dos Goytacazes), vim jogar futebol pelo América. Depois descobri a arte: é tão bom poder ser ator, puta que pariu! Tô aí até hoje, já fiz Molière, Shakespeare, não juntei dinheiro…”. Tonico se perdeu na cronologia dos fatos e pediu ajuda a Marina Salomão, sua mulher, para ajudar a lembrar como foi o início da carreira.
O ator Babu Santana lembrou muito bem, já que fazia Tablado, no Jardim Botânico; gostava até do curso, mas odiava as pessoas. “Até que fui pro Nós do Morro (projeto artístico de 38 anos no morro do Vidigal) e me encontrei. A minha galera tava lá. Ganhava mais dinheiro pintando parede do que como ator no começo”.
Também estiveram no evento a coreógrafa e cineasta Regina Miranda, a multiartista Renata Tavares e o ator e empreendedor Serjão Loroza, que conversaram com o produtor Eduardo Barata, coordenador-geral do projeto, destacando a diversidade na produção cultural com artistas que transitam por várias vertentes das artes no Rio.