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Lu Lacerda

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Lembranças do produtor carioca Marco Mazzola sobre Quincy Jones

O produtor conheceu o músico na gravação do álbum "Thriller", de Michael Jackson, gravado entre 1982 e 1983

Por lu.lacerda
4 nov 2024, 19h02
Quincy Jones e Marco Mazolla
Quincy Jones e Marco Mazolla em encontro há dois anos no Festival de Montreaux (Arquivo pessoal/Divulgação)
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Lembranças de Marco Mazzola, criador da Noite Brasileira do Festival de Montreux, sobre Quincy Jones, o grande produtor e arranjador, morto nesta segunda (04/11), em Los Angeles:

“Uma perda enorme, mas acredito que, com seu talento e sua vida na música, ele tenha revolucionado, vamos falar assim, desde o jazz até o pop, por onde ele navegou. Conheci o Quincy na gravação de ‘Thriller’, de Michael Jackson, convidado de Humberto Gatti, engenheiro que trabalhou na gravação; eu tinha ido ao estúdio para conhecê-lo. Fui apresentado ao Michael Jackson, aos músicos. Aí, o Quincy veio falar comigo e disse que conhecia o meu trabalho dos discos que eu produzia: do Milton Nascimento, Elis Regina, Jorge Ben Jor, diversos artistas. Fiquei bastante feliz com isso; depois o tempo foi passando, e eu acabei o conhecendo mais profundamente no Festival de Montreaux, em 1978. Mas fiquei bem perto quando o Claude Nobs (fundador e diretor do Festival de Jazz de Montreux) quis fazer uma homenagem a ele e convidou o Miles Davis para fazer essa apresentação, em 1991. Mas o palco do festival na Suíça ainda era pequeno, e tínhamos que colocar uma orquestra com 52 músicos. Eu vi o Claude em pânico…  Daí eu pedi um programador de computação, e conseguimos alocar todos no palco. No momento em que vi que daria certo, corri pra mostrar ao Quincy. Ele ficou muito feliz; foi um sucesso. O show aconteceu em 8 de julho, e o Miles morreu em 28 de setembro daquele mesmo ano. Me recordo de algumas passagens da música brasileira lá em Montreaux, em que o Quincy basicamente adorava estar perto de mim quando eu fazia as Noites Brasileiras. Eu apresentava os artistas, e ele ficava ali na coxia, olhando aquilo tudo. Tem até um fato engraçado: quando eu levei a Maria Rita para o festival, ele falou no meu ouvido ‘que pezinho lindo ela tem, olha que pé lindo que ela tem’. Então tinha esse lado também engraçado, um lado de humor. Isso também fazia com que gostassem muito dele, principalmente os brasileiros. Fui convidado para fazer o aniversário dele de 88 anos, aqui, em Copacabana, mas estávamos na pandemia, e ele já estava meio doente, não podia viajar. Há dois anos, nos reencontramos no Festival de Montreaux — ele estava vendo um show lá, e eu cheguei por trás e o abracei. Ele falou ‘my brother from Brazil, I love you my friend’. Ele andava com segurança. Ficaram assim com medo quando eu o agarrei por trás, mas, quando ele falou isso, todo mundo relaxou. Essas são as lembranças que eu tenho do Quincy. Espero que Deus possa recebê-lo com muita alegria, porque ele transmitiu muita alegria e fez com que muitas pessoas no mundo ficassem felizes com o que ele fazia, com a produção na música mundial. Foi um gênio, ícone!”

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