“Invertida” com o chef Jérome Dardillac, à frente de festival francês
"Tenho mania de limpeza, herdada da minha mãe. Não consigo dormir sabendo que tem louça suja na pia"

Desde 1995 no Brasil, o chef francês Jérome Dardillac já morou na Amazônia, Bahia, Minas Gerais e São Paulo, mas foi no Rio que encontrou, digamos, o maior sabor. De tão apaixonado pelo Brasil, nem pensa em voltar a falar um “parle vous” — sotaque, só por charme. Desde 2019, é chef-executivo do Fairmont, em Copacabana. Agora está à frente da 1ª edição do Festival Francês de Música & Gastronomia, dia 14 de junho, uma homenagem à Fête de la Musique, evento anual francês, criado em 1982, com música ao vivo e alta gastronomia. O festival constará de oito estações com chefs da Associação dos Chefs França-Brasil, para a qual Dardillac foi recentemente convidado a integrar: Frédéric Monnier, David Mansaud, Frédéric de Maeyer, João Paulo Frankenfeld, Philippe Brye, Yann Kamps, Roland Villard, Didier Labbé, Damien Montecer e Paula Prandini.
Cada chef ou dupla vai apresentar um prato exclusivo, inspirado na culinária francesa, com toques criativos e ingredientes brasileiros. “A sofisticação da culinária francesa encontra a exuberância dos ingredientes e sabores brasileiros, criando experiências gastronômicas únicas”, afirma Jérôme, que também vai participar da Feira Francesa, evento gratuito na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, dias 14 (data que marca a Queda da Bastilha) e 15 de julho.
UMA LOUCURA: Tenho loucura por praia, mar e pelo beach tennis — treino de 2 a 3 vezes por semana, às 7h da manhã. E, na minha folga, jogo o dia inteiro, até me acabar, unindo meus três hobbies!
UMA ROUBADA: Quando trabalhava em Manaus, em 2005, fizemos um passeio pelo rio Negro, num barco pequeno, com a minha mulher (Gina), meus filhos (Maria Clara e Olivier) e um casal de amigos. Passeamos nos igarapés e, como eles são pouco profundos e correm pelo interior das matas, o barco encostou várias vezes no fundo; na volta, estava literalmente furado. Tive uma experiência assustadora, pois a água entrava no barco, e o rio estava com ondas grandes. Ainda bem que tinham vários baldes para retirar a água; foi um final feliz e conseguimos chegar ao destino vivos, porém encharcados.
UMA IDEIA FIXA: Viver no Saco do Mamanguá (Paraty, RJ), comprar um barco, fazer passeios gastronômicos, cozinhar, me divertir e ser feliz.
UM PORRE: São vários (kkkk), mas vou falar do meu último. Foi no baile da Narcisa “Ai, que loucura!”, em fevereiro de 2023, aqui, no Fairmont. Estava fantasiado de Falcão. Fui com a turma de amigos do beach tennis e “inimigos” do fim. A noite estava maravilhosa, muito alegre, porém o único problema é que eu não costumo beber destilados, mas inventei de beber whisky. Você já imagina o resultado… Ainda bem que moro do lado do hotel e saí à francesa.
UMA FRUSTRAÇÃO: Em 1990, recebi a proposta para trabalhar como ajudante de cozinha no restaurante Jules Verne, em Paris, no segundo andar na Torre Eiffel (um dos mais emblemáticos da cidade), porém o salário mal daria para pagar as contas em Paris. Como não tinha família lá, tive que declinar.
UM APAGÃO: Graças a Deus, nunca tive um apagão!
UMA SÍNDROME: Tenho mania de limpeza, herdada da minha mãe. Não consigo dormir sabendo que tem louça suja na pia.
UM MEDO: De não poder viajar mais.
UM DEFEITO: Com certeza, tenho vários, mas o meu mau humor matinal é terrível, principalmente para os outros (kkkkk).
UM DESPRAZER: Não me convide pra conviver com pessoas arrogantes — não dá pra mim.
UM INSUCESSO: Minha mulher sempre me diz “gostaria que baixasse o santo do seu pai”, porque ele sabia consertar todas as coisas da casa e não fazia gambiarra. Já eu não tenho o mínimo talento pra pequenos consertos e bricolagem.
UM IMPULSO: Comer sozinho os patês de caças (javali, faisão, perdiz) que a minha mãe prepara. Não sou egoísta, mas o meu impulso de guardar essa preciosidade só pra mim é maior que a minha generosidade (rsrsrs). Falando sério, esses patês me trazem uma memória afetiva muito vívida e querida.
UMA PARANOIA: Essa paranoia herdei do meu pai: não deixo NUNCA o pão virado de cabeça para baixo — ele dizia que o diabo entraria na casa.