“Hoje os desfiles são chatérrimos”, diz Ronaldo Fraga em encontro de moda
O estilista mineiro foi o convidado de uma conversa com o carioca Luiz de Freitas, na Pulsa, em Ipanema








O estilista mineiro Ronaldo Fraga foi convidado para uma conversa com o carioca Luiz de Freitas, na multimarcas Pulsa, de Paula Furtado, em Ipanema, nessa terça (10/12), sobre a importância de registrar a História da Moda Brasileira em livros, em encontro organizado pelo produtor cultural Alexandre Schnabl, junto ao curador de arte Sergio Zobaran.
“Luiz é mais que um carioca. É um dos nomes mais importantes da moda brasileira e mundial, assim como Zuzu Angel, única quando falou de política na roupa, assim como Vivienne Westwood. O estilo colorido de Luiz é atemporal, um tapa no sombrio contexto atual do planeta onde tudo está tão cinza. Luiz foi o primeiro estilista a sorrir. Ele é o precursor da passagem do sistema de ateliês de costureiros para o prêt-à-porter, na virada dos anos 70 e eu sou do final desse período, explodindo nos 90”, disse Fraga, vindo de um almoço organizado pela jornalista Hildegard Angel em sua rápida passagem pelo Rio.
Perguntado por que parou de desfilar, respondeu: “Tudo muda, tudo passa, é assim. Hoje os desfiles são chatérrimos, não têm cenário, não tem sonho, tudo massificou. Nem tem mais crítica de moda. Ficou difícil contar histórias. Tem gente que acredita que a moda é mais importante que a roupa. Penso o contrário”.
Luiz emendou: “Parei quando a abertura das exportações trouxe a enxurrada de marcas gringas para competir, todas mais valorizadas por aqui do que as nossas. Montei estrutura fabril de primeira, com 200 funcionários e até creche para as costureiras ficarem perto dos seus filhos, com 10 berços para elas poderem amamentar os recém-nascidos. Nunca liguei para preconceito: na minha loja, em Ipanema, recebia feliz clientes do mundo inteiro que queriam se vestir de uma nova forma mais divertida, mesmo com madames mostrando surpresa por eu ser preto e haters alegando que eu fazia roupa para gay. Não dava bola”.
No final, Ronaldo convidou Luiz para participar de uma das expedições culturais às quais vem se dedicando pelo interior do Brasil, em paragens como o Cariri.