Estreia de “Irmãs”, nova montagem para o clássico de Tchékhov
No início da peça, a voz da atriz Elisa Lucinda lendo um texto de Zé Celso Martinez Corrêa, que fez a tradução do autor russo em 1972













O espetáculo “Irmãs”, montagem de Renato Carrera, nova versão para “As Três Irmãs”, de Anton Tchékhov, estreou nessa quinta (26/06), no Sesc Copacabana. Baseada na obra-prima do russo Anton Tchekhov, são mulheres pretas interpretando as três irmãs (Dani Ornellas, Isabél Zuaa e Jamile Cazumbá), e uma atriz branca (a francesa Alli Willow), misturando elementos da peça original, mostrando o conflito de mulheres que vivem no fim do século XIX, com questões pessoais, políticas e humanistas. Elas discutem colorismo, feminismo, regionalidades, amor, solidão e a busca de uma nova vida.
No início da peça, ouve-se a voz da atriz e poeta Elisa Lucinda lendo um texto de Zé Celso Martinez Corrêa (1937-2023), que fez a tradução do autor russo em 1972 e levou para o palco do Teatro Oficina, em SP. Em 1999, Bia Lessa dirigiu “As Três Irmãs”, na mesma tradução de Zé Celso, com as atrizes Renata Sorrah, Deborah Evelyn e Betty Gofman.
A montagem surgiu como um experimento cênico além da adaptação do clássico russo e a escolha do elenco com artistas comprometidas com a valorização da cultura afro-diaspórica, como a portuguesa Isabél Zuaa recentemente integrou a seleção oficial do Festival de Cannes com “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, trouxe a experiência internacional e também participou de debates sobre diversidade na World Women Foundation.
“Essas amigas íntimas de longa data, mesmo distantes, cada uma em sua cidade, estão sempre juntas, realizando uma sororidade muito forte com depoimentos pessoais que dialogam muito bem com o texto do Tchékhov. E essa intimidade real entre as intérpretes alimenta a autenticidade dos conflitos cênicos”, diz Renato.