Especialista em RH comenta sobre fim da escala 6×1, PEC de Erika Hilton
"A redução vai gerar maior tempo para descanso, lazer e convívio com a família", diz Jacqueline Resch, fundadora da Resch RH
A deputada federal Erika Hilton nunca poderia imaginar que a PEC que quer o fim da escala de trabalho 6×1 daria tanta repercussão, a ponto de ser a terceira deputada que mais ganhou seguidores nas redes, nos últimos sete dias. Desde então, o assunto está sempre entre os mais comentados – Hilton tem 3,5 milhões de seguidores em seus perfis (X, Facebook, Instagram e Youtube) e, na última semana, foi um incremento de 24 mil, pela consultoria Bites.
Nesta terça (12/11), a PEC está com 134 assinaturas, mas, para que se torne matéria em tramitação na Câmara dos Deputados, precisa reunir, no mínimo, 171 assinaturas dos 513 deputados, além do longo caminho até a aprovação.
A proposta tem como base um abaixo-assinado do VAT (Vida Além do Trabalho), movimento iniciado pelo vereador carioca Rick Azevedo, inspirado numa tendência internacional, que teve 1,3 milhão de assinaturas virtuais.
A coluna conversou com a psicóloga Jacqueline Resch, fundadora da Resch Recursos Humanos, sobre quais os principais impactos para o trabalhador carioca com a mudança da escala de 6×1 para 5×2: “A redução de jornada vai gerar maior tempo para descanso, lazer, convívio com a família e/ou dedicação a hobbies e interesses pessoais, o que certamente pode trazer um impacto positivo na saúde mental e qualidade de vida. Vale dizer que a redução da jornada em si propicia essa possibilidade, mas não assegura essa condição, já que há outros aspectos estressantes a serem considerados. Se o trabalhador, por exemplo, for mais exigido nos seus cinco dias de trabalho, se tiver que cumprir as mesmas metas que tinha na jornada de seis dias, então ele trabalhará cinco dias sob maior pressão e estresse, o que provavelmente não trará os ganhos desejados”, diz.
Alguns especialistas apontam que o tempo livre adicional ajuda no desenvolvimento pessoal e na educação continuada. Como você avalia a importância desse tempo extra no Rio, onde o mercado é altamente competitivo? “Acredito que, se o tempo dedicado ao estudo e ao desenvolvimento pessoal for sentido pelo trabalhador como benéfico e prazeroso, pode contribuir, sim. Se ele vira uma exigência adicional, um ‘dever’, esse tempo não terá impacto na saúde mental”.
Acredita que essa redução também pode ajudar as empresas a combater o alto índice de esgotamento emocional e afastamentos por questões de saúde mental? “Se a empresa de fato tem a preocupação com a questão da saúde mental e qualidade de vida e adotar essa medida acreditando em seus benefícios, e não apenas porque se tornou lei e é necessário cumpri-la, ela pode ser muito importante, sim. Mas volto a dizer: a PEC é importante, porém precisa vir acompanhada de uma mudança de mentalidade de muitas empresas que ainda mantêm uma cultura de comando e controle, pressão excessiva por resultados, lideranças pouco preparadas etc.”