“Eddy — Violência e Metamorfose”, baseado nos livros de Édouard Louis
Os dois atores ficam completamente nus na peça, até por isso, produção pede que celulares fiquem em modo avião






Quem foi à pré-estreia de “Eddy — Violência e Metamorfose”, nesse fim de semana, no Sesc Copacabana, diz que o público sai de lá, digamos, diferente. Baseado em três livros do escritor Édouard Louis, de 32 anos (destaque na FLIP 2024 e duas semanas no Brasil), com direção de Luiz Felipe Reis e Marcelo Grabowsky, a peça trata de um estupro e tentativa de homicídio que Eddy (João Côrtes) sofre. Antes de começar, a produção pede que todos coloquem os celulares em modo avião, por duas razões: eles usam muito o artifício bluetooth e wi-fi ao vivo, e os dois atores ficam completamente nus, ou seja, para que ninguém faça fotos ou vídeos protegendo a privacidade dos artistas.
“Estar em cena despido — de roupas e de defesas — me exigiu um nível de entrega visceral. É também um gesto simbólico de despir máscaras, de me colocar por inteiro ali, na pele da personagem. É um teatro que exige coragem”, diz Côrtes.
A proposta de reunir três publicações do autor num único espetáculo teve o aval do próprio Édouard, vivido por Côrtes. No mês do orgulho LGBT+, a trama aborda violência de classe e de gênero, homofobia e xenofobia, produzida pela Polifônica, companhia criada por Julia Lund e Luiz Felipe Reis e que celebra 10 anos em 2025.
“Édouard descreve com precisão os efeitos devastadores das forças de opressão e de destruição que constituem a nós e nossas sociedades contemporâneas. Sua obra é um alerta e um chamado a encontrar vias de contraposição e de combate a tais forças. É por isso que violência e metamorfose são temas profundamente conectados: as forças de violência, de algum modo, provocam e convocam as forças de transformação”, diz o diretor Luiz Felipe Reis.
A história é baseada num episódio real vivido pelo autor no Natal de 2012, em Paris. Depois de um jantar com amigos, ao voltar pra casa, Édouard é abordado por um jovem de origem argelina, Redá, personagem de Igor Fortunato, e, então, seguem para o apartamento do escritor. Depois de uma noite de sexo, na manhã seguinte, Édouard é violentado por esse homem e quase assassinado.
Depois da quase tragédia, ele começa uma viagem de retorno à sua cidade natal (Hallencourt). Fica na casa da sua irmã, Clara (Julia Lund), e reconstitui a própria vida.