“É impossível sair ileso”, diz espectador sobre o espetáculo “A Baleia”
Caracterização complexa para o personagem com aparência de 300 kg (o ator tem 92kg), num figurino climatizado

















O ator José de Abreu faz praticamente duas sessões de “A Baleia”, em cartaz desde essa quarta (11/06), no Teatro Adolpho Bloch, na Glória. A primeira, a caracterização complexa para o personagem com aparência de 300 kg, num figurino climatizado com bolsas de gelo, além da prótese facial, criação do figurinista Carlos Alberto Nunes e da visagista Mona Magalhães, ambos da Unirio.
No cinema, a adaptação do dramaturgo Samuel D. Hunter foi lançado em 2022, com Brendan Fraser no papel principal, ganhando o Oscar de Melhor Ator em 2023.
Abreu volta aos palcos depois de 10 anos, com direção de Luís Artur Nunes, com quem já trabalhou em outras montagens, como no monólogo “Fala, Zé!” (2006) e em “A Mulher Sem Pecado” (2000), de Nelson Rodrigues. “A peça nos fala de intolerância religiosa, homofobia, culpa, reconexão e empatia, sempre a partir de personagens humanos, complexos e cheios de contradições. É um material encharcado de emoção”, diz o diretor.
“Acabei de sair da peça e, sinceramente, ainda estou tentando juntar os pedaços. Que experiência! Que pancada! A peça é forte, intensa, crua. Dói assistir e, justamente por isso, ela é tão necessária. É impossível sair ileso”, depoimento do espectador Marcelo Barboza, publicado pelo artista.
Também no elenco, Luisa Thiré, Gabriela Freire, Eduardo Speroni e participação especial de Alice Borges, cenários de Bia Junqueira, iluminação de Maneco Quinderé e trilha sonora de Federico Puppi.
“A primeira vez que ouvi falar de ‘A Baleia’ foi em Paris, por volta de 2015. Um amigo, diplomata francês, havia assistido à montagem em Nova York, onde o autor ganhara o prêmio Obie, o Tony da off-Broadway, e fiquei encantado, mas, naquele momento, não estava pronto para o desafio. Em 2022, a peça havia sido adaptada para o cinema. Foi um sinal. Em 2024, resolvi montar. E agora, ‘A Baleia’ estreia no Rio, cercada por outras baleias – essas naturais – que vêm se refestelar em nosso mar. Bons auspícios”, disse José de Abreu, artista premiado, homenageado e reconhecido.