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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Crônica, por Eduardo Affonso: O sonho americano

Brasileiros que tiverem de voltar dos EUA para o Brasil vão precisar de muito suporte psicológico para se readaptar

Por lu.lacerda
2 fev 2025, 07h00
familia eua
 (IA/Internet)
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Sabe o que eu mais gosto em filme americano?

Eles deixam a chave do carro na ignição, e ninguém rouba.

Eles tomam leite direto da caixinha e o leite não azeda.

Eles bebem água da torneira, e não adoecem.

As camas têm um metro de altura.

As casas não têm muro, muito menos caco de vidro em cima do muro.

Ninguém tem empregada e as casas são todas limpas e arrumadas.

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Eles batem a porta na cara do policial e fica por isso mesmo.

Nas delegacias tem gente para atender e a sala do delegado sempre tem persianas novinhas.

Não é só quartel que tem bandeira hasteada.

Os médicos vêm falar com a família do paciente na sala de espera do hospital como se a família do paciente fosse gente.

Envelope fecha com uma lambida, não precisa de cola.

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Eles depositam as cartas numas caixas de coleta, na rua, e a carta chega ao destinatário.

Eles usam cheque.

Eles mandam cheque pelo Correio.

E o cheque também chega ao destinatário.

Corrida de táxi não dá valor quebrado, porque nunca vi taxista dar troco.

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Não tem flanelinha.

Não tem trocador de ônibus.

Não tem frentista de posto de gasolina.

Adolescente beber cerveja é quase um ato revolucionário.

Até mendigo respeita a lei, bebendo seus litrões envolvidos em sacos de papel.

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Menor de idade dirige.

Filhinho de papai trabalha.

Qualquer biboca no fim do mundo tem asfalto melhor que a Dutra, a Washington Luís, a Régis Bittencourt ou a Rio-Bahia.

Juízes resolvem pendências judiciais em horas ou minutos, não em décadas.

Enterros parecem festas blequitái. E, em vez de chorar e se descabelar, órfãos e viúvos fazem discursos engraçadinhos, tipo sitcom.

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Quando as pessoas acabam de dizer o que tinham para dizer, elas simplesmente desligam o telefone, não ficam meia hora se despedindo.

Fala-se em 230 mil brasileiros morando ilegalmente nos Estados Unidos. Não sei se eles vivem nesse mundo dos filmes. Mas os que tiverem de voltar para o Brasil vão precisar de muito suporte psicológico para se readaptar ao mundo real.

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)

 

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