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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Crônica, por Eduardo Affonso: sinal dos tempos

O século 21 deu à luz a geração “floquinho de neve”, essa moçada sensível que somatiza com uma partícula adversativa

Por lu.lacerda
9 fev 2025, 07h00
 (Reprodução/Internet)
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O século 21 deu à luz a geração “floquinho de neve”, essa moçada sensível que somatiza com uma partícula adversativa, se ofende com um pronome possessivo e tem erisipela por um pronome neutro.

Acho que tudo começou quando a Rede Bandeirantes passou a se chamar Band.

Eu sou do tempo da Westinghouse, da Telefunken, da Standard Electric e das Casas Pernambucanas. Não tinha miséria de vogal nem de consoante.

Ninguém dizia BB, GM ou BV. Era Banco do Brasil, General Motors e Banco Votorantim. E ainda tinha o Bamerindus, a maior sigla do planeta até o advento do LGBTQIAP+.

Se você precisa do corretor ortográfico para escrever Hyundai, imagine a minha geração, que tinha de soletrar Chrysler.

Hoje é Ka, Uno, Fit. No meu tempo era Democrata, Eldorado e Itamaraty. O carro era grande daquele jeito para caber a logomarca.

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O ribrende só surgiu muito depois – e deve ter sido a causa de tudo.

Porque não tinha isso de “Vale”. Era Companhia Vale do Rio Doce. Vinte e dois caracteres, sem contar os espaços.

Coca Cola ficou Coca (ou Coke).

Schincariol virou Schin.

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O Guaraná Antarctica ainda é comprido, mas já foi mais: era Guaraná Champagne Antarctica. Precisava anúncio de página inteira só para o nome.

Televisor não era LG: era Colorado RQ (“com Reserva de Qualidade”). Aliás, ainda era televisor, não tinha se tornado tevê. Ou TV. Em breve, T.

Não tinha isso de Avon. Era Cashmere Bouquet.

Nem Gol. Era Transbrasil.

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Tudo explicadinho: nada de Havaianas, mas Sandálias Havaianas.

Lojas Americanas.

Cobertores Parahyba.

As novelas não eram “Tieta”, “América” e “Pantanal”, mas “Anastácia, a mulher sem destino”, “Eu compro essa mulher”, “O homem que deve morrer”. O título já vinha com espóiler e cenas do próximo capítulo.

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Dá pra comparar a resiliência de uma criança batizada de Cauã, Enzo ou Gael com outra chamada, digamos, Sidney Eduardo Affonso?

Se você tem preguiça de dizer Magazine Luíza e diz Magalu, não ia mesmo sobreviver aos tempos bárbaros da Huddersfield (“difícil de pronunciar, mas fácil de encontrar”).

Quem nasceu para usar Mr. Cat não tem estrutura para Alpargatas Roda.

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)

 

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