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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Crônica, por Eduardo Affonso: Relationshiping

Suponho que haja, neste vasto e insólito mundo, um lugar ultrassecreto, acessível apenas a uma seletíssima elite intelectual

Por lu.lacerda
4 Maio 2025, 07h00
 (Gemini/Internet)
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Suponho que haja, neste vasto e insólito mundo, um lugar ultrassecreto, acessível apenas a uma seletíssima elite intelectual (“elite seleta” é redundância, eu sei, mas aqui vale o reforço).

Longe das vistas dos reles mortais (eu, você, todo mundo que eu e você conhecemos), esse grupo de sábios se dedica a esmiuçar os desvãos da alma humana e esquadrinhar seus relacionamentos, com o único propósito de inventar terminologias gurmetizadas para cada pensamento, palavra, ato ou omissão.

É ali, em madrugadas regadas a fernet e cinzano, que nascem termos como “ghosting” (outrora conhecido como “sumiço” ou “dar um perdido”), “benching” (os populares “não evacua nem desocupa a moita” e “não foca nem sai de cima”), “zombieing” (versão revista e atualizada do “oi, sumida!”), “cushioning” (que é quando você vai criando “planos B” para o caso de a relação oficial dar errado, e evitar que você fique na mão) etc.

Tudo isso existe desde que Adão sofreu a costectomia — mas sem um nome em inglês que fornecesse estofo acadêmico a artigos de opinião em portais progressistas.

Dê um google em “orbiting”, “love bombing”, “stashing”, “pocketIng”, “roaching” e “paperclipping” se quiser tomar pé do assunto e não se sentir uma grávida em festa de bebê reborn.

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Meu termo favorito é “breadcrumbing” — algo como ir cozinhando em banho maria, empurrando com a barriga. Cazuza, lá em 1984, não se importava com essa prática: “Migalhas dormidas do seu pão / Raspas e restos me interessam”. Mas convenhamos que sofrer (ou praticar) “breadcrumbing” é muito mais next-level, né não?

Como dificilmente irão nos convidar para o grupo que inventa essas expressões, por que não as inventamos, nós mesmos? É só relembrar as próprias D.R.s e sapecar um anglicismo. Tipo:

  • Popcorning é quando um dos parceiros (normalmente, o homem) leva o outro (normalmente, uma mulher) a extremos, fazendo com que este (no caso, esta) exploda. Costuma ser irreversível.
  •  Tomatopeeling é quando a pessoa perde tempo com coisas inúteis (“Vera Lúcia, eu já cansei de repetir que quero o café coado com a água caindo na vertical, de uma altura de 32,5 cm, a 93 graus, não fervendo e despejada em círculos, com a chaleira encostada no coador!”) e deixa de lado o essencial (“Lembrou de comprar pó, Paulo Otávio?”).
  •  Spaghettialdenting é quando a pessoa nunca termina de fazer as coisas direito.
  •  Gintonicmixing é quando a pessoa inventa desculpas esfarrapadas para não fazer algo e ainda põe a culpa em você (“Carlos Henrique, hoje não vai rolar gin tônica porque você esqueceu de comprar o zimbro”).
  •  Watermelonseedswithdrawing é quando a relação (assim como a própria expressão que a define) dá muito trabalho para pouco resultado.}
  • Avocadocoreremoving é quando o problema é grande, mas fácil de resolver.
  • Eggboiling é quando bastava esperar um minuto a mais para a coisa dar certo, e você parou antes. Ou, também, quando esperou demais e passou do ponto. Acontece muito. Quase sempre, eu diria.
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Invente e saia usando nos seus comentários em rede social, nas suas conversas. E não fique só na teoria – leve para a vida. Vai por mim: um asskicking dói muito menos que um pé na bunda.

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)
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