Corpinhos naturais da década de 1980 andam viralizando
Destaque são para os biquínis de asa-delta usados na década de 1980, no auge da moda


Na contrapartida de corpos criados nas academias com, quem sabe, anabolizantes, hormônios em geral ou bisturis, fotos de pessoas com corpos naturais de décadas passadas começaram a viralizar nas redes. Há mais ou menos 40 anos, durante a década de 1980, a praia de Copacabana era assim, com o famoso biquíni asa-delta no auge da moda, muito óleo de urucum para o bronzeado, corpos femininos e masculinos com contornos naturais e ausência de tatuagens.
Muita gente que viveu o auge (com 20, 25 anos) costuma dizer que o pouco acesso às tecnologias e aos transportes públicos precários (nesse sentido, ainda falta muito) fazia com que se movimentassem muito, deixando quase todos mais em forma. Além disso, faltava variedade na alimentação (as comidas eram quase sempre caseiras) e brincadeiras nas ruas até cansar. À época, academias eram poucas.
Além disso, o povo torrava ao sol, sem nenhuma proteção (reparem a falta de guarda-sóis na praia), às vezes, óleo bronzeador; ninguém sabia sobre os raios ultravioleta, câncer de pele, envelhecimento precoce e, embora o aquecimento global fosse até falado, ninguém dava a menor bola.
O cirurgião plástico André Maranhão, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica-RJ, por exemplo, disse à coluna que “o uso dos filtros e o mundo ilusório das redes sociais trazem à tona um transtorno velho conhecido da medicina — na dermatologia, cirurgia plástica e, fundamentalmente, da psiquiatria, que é o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) ou dismorfismo corporal, descrito em 1886 por Enrico Morselli. Nestes casos, há um foco obsessivo em um ‘defeito’ que a pessoa considera ter na própria aparência, pequeno ou imaginado. Nos consultórios que lidam com a estética, a procura por pequenas ou inexistentes correções corresponde em até 16% dos pacientes, atingindo mais as mulheres, que acreditam ter mais defeitos”.