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Lu Lacerda

Por Lu Lacerda Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista apaixonada pelo Rio

Como vai ser a Missa de Sétimo Dia de Nana Caymmi

"Temos também preocupação com o clima: um lado chove demais, no outro tem seca, nevascas e incêndios", disse Nana à coluna em 2020

Por lu.lacerda
Atualizado em 7 Maio 2025, 11h50 - Publicado em 7 Maio 2025, 10h00
Foto: Lívio Campos Divulgação
Nana Caymmi em foto promocional do álbum "Sem poupar coração", de 2009  (Lívio Campos/Divulgação)
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Na Missa de Sétimo Dia de Nana Caymmi, nesta quinta (08/05), na Igreja da Ressurreição, em Copacabana, às 19h, a música “Adeus”, de Dorival Caymmi, seu pai, será cantada pela própria Nana.

Stella citou outra música na despedida da mãe, “Acalanto”, que Dorival Caymmi fez quando ela nasceu e que ninou gerações de brasileiros. Foi com ela que Nana estreou na música, em 1960, e ganhou projeção nacional ao vencer o Festival Internacional da Canção de 1966 com “Saveiros”, também de autoria do pai e Nelson Motta.

Para a lista de amigos no WhatsApp, a beata Stella Caymmi, filha mais velha, enviou um marcador de livro a ser distribuído na igreja, com parte da letra de “Não se esqueça de mim”, de autoria da própria Nana em 1998.

Pra você relembrar, a página “De Próprio Punho” que Nana escreveu à coluna, em 22/08/2020:

“Quis o bom destino que, no momento em que foi declarada a pandemia, eu estivesse em minha temporada, em meu recanto predileto, na pequena cidade de Pequiri, na Zona da Mata de Minas Gerais, onde nasceu a minha mãe, Stella Tostes Caymmi. Acompanhada apenas de meu filho, João Gilberto, fui surpreendida pela quarentena, que me impediu de voltar ao Rio, e aqui estou desde março, na casa que herdei dos meus pais e que mantenho intacta, assim como o jardim. Desde então, estou longe do resto da família, longe do Rio, administrando a minha vida daqui, pagando as contas, os funcionários e resolvendo os problemas.

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Acompanho as  notícias terríveis, o número de vítimas da covid-19 aumentando diariamente, e vejo, com pesar, pessoas irresponsáveis desrespeitando as orientações das autoridades médicas, não usando corretamente as máscaras de proteção nem se vacinando contra a gripe.

Passo os dias fazendo crochê, colorindo livros de desenhos, fazendo palavras cruzadas e conversando com os funcionários. Meu dia é cheio; oriento o jardineiro nos cuidados com o jardim, onde tenho um orquidário, formado por mudas das flores que recebo dos fãs e amigos nos camarins, durante os meus shows pelo Brasil. As orquídeas podem dar flores até três vezes ao ano.

Conheço cada canto desse jardim: tem uma babosa de 30 anos, cuja muda foi dada pela minha avô materna, Zulmira, que morava no Méier e que, por sua vez, a tinha por três décadas, significando que essa planta tem 60 anos na nossa família. Infelizmente,  aqui em Pequiri, a seca está muito grande – não chove há mais de um mês, castigando as plantas, e é preciso aguar com mais intensidade.

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Tenho também um pé de pau-brasil, que está  lindo e tão grande que passou a casa de dois andares. A árvore, que deu o nome ao nosso Brasil, ainda é muito desconhecida dos brasileiros. Acho que toda cidade deveria ter um pé dessa árvore, principalmente para as crianças a conhecerem. Pretendo dar uma muda para a prefeitura de Pequiri plantar no meio da praça.

Esse pau-brasil me remete a uma história familiar: meu pai, Dorival, certa vez, viu um turco, nosso vizinho em Rio das Ostras, destruir um pé de pau-brasil. Ele ficou muito abatido. Tempos depois, passei por Copacabana, durante uma Campanha pelo Dia da Árvore e estavam distribuindo mudas. Peguei uma e dei de presente a ele para plantar em Pequiri. Por causa do ritmo de vida do papai, sempre tivemos casa fora do Rio, dentre elas, o sítio Maracangalha, batizado de um dos sucessos dele; ficava na subida da Serra, próximo a  Xerém.

Na varanda, papai gostava de ver a vida; quase ninguém já passava na rua. Imagina agora com a quarentena! Também gosto de ficar e apreciar as roseiras, os botões; acompanho todo o processo das flores. Um espetáculo à parte é colocar canjiquinha e miolo de pão para os passarinhos que me visitam diariamente: canarinhos-da-terra, sabiás, tico-ticos. Eles vão chegando aos pouquinhos e, enlouquecidos, atiram-se à comida. Brigam entre si, fazem o maior barulho, balançando as asas, mas, na hora que eu canto para eles, param para me ouvir — é muito engraçado.

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Passo meus dias, selecionando repertório para futuras gravações e ouvindo bastante música: Villa-Lobos, Tom, Vinícius Diana Krall. E também me ouvindo, pois acabei de gravar o CD “Nana Caymmi canta Tom Jobim e Vinicius de Moraes”, onde houve o acréscimo das sonoridades dos naipes de sopros da Orquestra de São Petersburgo (Rússia), a partir de arranjos e regência assinados por Dori. Como farei um show, estou estudando a entrada.

Sobra tempo para acompanhar o campeonato internacional de futebol; vejo os jogos do Real Madrid, Liverpool, Napoli e do Juventus, o meu preferido. Torço pelo Neymar e Lionel Messi. Desde sempre, gostei  de futebol, influência dos  meus irmãos, Dori e Danilo, e também tinha como amigos inseparáveis, os jogadores Zico e Júnior. Tudo isso foi me trazendo cultura de futebol.

O melhor lugar é aqui. Não me faltam esperanças de que vamos vencer o vírus, e a vida retomará o seu ritmo; mas, enquanto isso, é viver cada dia ao seu modo e de cada vez. Estamos vivendo uma época muito dura com a pandemia da covid-19, uma crise mundial,  muito grave, com gente passando fome,  perdendo emprego e  entes queridos, sem poder velar, sem despedidas. E temos também preocupação com o clima do Planeta:  um lado tem tormenta, no outro lado chove demais, no outro tem seca, nevascas e incêndios florestais.

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E  tem gente pensando em divertimento. Não é hora de ir às compras, não é hora de viajar, não é hora de  fazer festa.”

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