Biólogo encontra lixo “balzaquiano” às margens de lagoa
“A vida, de um jeito ou de outro, vai seguir. O que está em jogo é a existência da civilização humana", diz Mario Moscatelli


“Se isso não impressiona, não sei mais o que pode ser feito”, diz o biólogo Mario Moscatelli sobre a data de um lixo encontrado às margens da lagoa Camorim, em Jacarepaguá, nesta sexta (09/05).
Entre as tranqueiras, um saco de leite com data de 22 de abril de 1994, ou seja, há 31 anos, ainda praticamente intacto. “Tivemos um momento onde todos os avisos foram dados tanto por cientistas e até pelo papa Francisco e o atual recém-eleito papa, onde ultrapassamos todos os limites da ignorância em relação ao ambiente”, diz Mario, citando a encíclica “Laudato Si'”, um documento do papa sobre a crise ambiental, que apela para a responsabilidade coletiva na preservação do planeta. O papa Leão XIV também defende que o “domínio sobre a natureza” não pode se tornar “tirânico”, devendo ser uma “relação de reciprocidade” com o meio ambiente.
E continua: “A vida, de um jeito ou de outro, vai seguir. O que está em jogo é a existência da civilização, incluindo as próximas duas ou três gerações humanas. Ou radicalmente mudamos nossa cultura ecocida e suicida, ou vamos ter de nos acostumar a sobreviver numa realidade totalmente distópica, fato que já acontece no Rio, em diversas extensas áreas. A decisão é individual e coletiva. O tempo de conversa acabou faz tempo. O ambiente exige ação e mudança para já”.