Ator Luiz Machado faz sessão especial de espetáculo para moradores de rua
"Tive o privilégio de presenciar encontros muito emocionantes, únicos e interessantes com moradores de rua", diz ele

“Nefelibato” terá uma sessão especial para moradores de rua, nesta quarta (15/01), às 15h30, no Teatro Glauce Rocha, no Centro, em evento organizado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e pela equipe do espetáculo. Espera-se ninguém desmaie de fome na plateia!
A reestreia para o público será na mesma data, às 19h. De Regiana Antonini, dirigido por Fernando Philbert e com supervisão artística de Amir Haddad, o monólogo com o ator Luiz Machado vai completar 500 apresentações este ano, sobre os limites entre lucidez e loucura.
“Nas sessões que fiz para os moradores de rua nas temporadas anteriores, tive o privilégio de presenciar encontros muito emocionantes, únicos e interessantes. Percebi que eles se entregavam de uma forma muito intensa durante as apresentações. Nos debates, depois do espetáculo, eles se abriam e contavam suas próprias histórias de vida. Isso é uma satisfação pessoal que não tem preço, pois pra mim o teatro tem esta força, que é a de acolher e motivar emocionalmente pessoas que são excluídas pela sociedade”, diz Machado.
O personagem Anderson perambula pelas ruas da cidade como uma sombra de um homem que já foi bem-sucedido, mas que perdeu tudo: a empresa, as economias, o grande amor da sua vida e um parente querido, ficando na fronteira com o delírio. A história é passada na década de 1990, com os efeitos devastadores do Plano Collor, que levou milhares de brasileiros ao desespero e muitos enlouqueceram. “Percebi que cada morador de rua tinha um motivo de estar ali, vi de tudo. É essencial que haja políticas públicas que deem mais atenção a essas vozes. Na rua temos pessoas que precisam de oportunidades e outras que necessitam de cuidados médicos. O mundo virtual hoje vem cada vez mais desumanizando as pessoas”, acrescenta o ator.
A palavra “nefelibata” significa uma pessoa que vive nas nuvens, fora da realidade. “Quis tratar do instinto de sobrevivência que o ser humano tem e esquece que tem. Viver na rua é o caminho que ele encontrou para continuar vivo”, diz Philbert.