Arnaldo Chuster: visão do psicanalista sobre o homem-bomba
"Uma pessoa que se mata dessa forma está sofrendo algum processo depressivo grave"
Sobre as explosões na Praça dos Três Poderes, na noite dessa quarta (13/11), detonadas pelo chaveiro Francisco Wanderley Luiz, que se explodiu junto e destruiu seu próprio carro próximo à Esplanada dos Ministérios, procuramos o psicanalista para comentar, de forma superficial, o que levaria alguém a ter esse tipo de atitude: “De maneira geral, uma pessoa que se mata dessa forma está sofrendo algum processo depressivo grave. É uma forma de suicídio, obviamente, mas colorido mais fortemente com os componentes sádicos de vingança contra alguém. O desejo muito forte de provocar sofrimento em alguém ou em algum grupo ultrapassa os limites da realidade. Como consequência, a pessoa não se importa consigo mesma. O eu já está muito esfacelado para poder ter respeito à vida e à verdade.”
E segue: “É difícil fazer uma equivalência entre a mentalidade grupal e a individual, sob pena de ser uma falsa equivalência, mas certamente temos que indagar se não é um sintoma social de desespero por vivermos num ambiente onde a vingança é uma opção real.”
Perguntado se o episódio não configuraria terrorismo, ele diz: “Terrorismo envolve armas e estratégias planejadas. O que aconteceu foi sem armas e caótico por parte de pessoas totalmente incapazes de discernir qualquer coisa”.