Lu Lacerda

Por Lu Lacerda

Jornalista apaixonada pelo Rio

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Beira-Mar, Cidade

Amor duplo de Silviano e Bia Lessa: um pelo outro e “Grande Sertão”

"O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, adaptado de "Grande Sertão", com direção de Bia Lessa, chega a Fortaleza na terça (19/11)

Por lu.lacerda
Atualizado em 14 nov 2024, 13h03 - Publicado em 14 nov 2024, 13h00

“O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, adaptado de “Grande Sertão, Veredas”, com direção de Bia Lessa, chega a Fortaleza na próxima terça (1911), às 19h, no Cineteatro São Luiz, com entrada gratuita. A primeira exibição será seguida de debate; entre os participantes, Silviano Santiago. Além da paixão e admiração entre Bia e Silviano, o escritor e a diretora amam esse clássico da literatura. Ele parte do Rio ao encontro dela no Ceará, para esse compromisso. Silviano, prêmio Camões de Literatura, é autor de “Genealogia da ferocidade”, sobre o livro de Guimarães Rosa. Procurado, comenta:

“No alto rio São Francisco, a poucos quilômetros de Brasília, vive um monstro chamado “Grande sertão: veredas”. Ele assusta e encanta as pessoas que dele se aproximam. É humano, anárquico e revolucionário. Sua idade é a dos deuses dos céus, embora sua palavra seja a do caboclo pé no chão: sábio como os celestes, mas monstruoso como todos nós que pisamos a terra. Ele encanta as pessoas e as une por laços de amizade que dispensam padre e altar”.

E segue: “Bia Lessa o enxergou de um cafezal paulista; eu, do pico do Curral d’El Rei. Ela logo se encantou com a paisagem e os bichos que por lá pastavam e pelos céus voavam. Deixei-me encantar pelas palavras que zoavam nos ouvidos e diziam belezas intranquilas. Bia Lessa é, por natureza, fabricante de imagens; eu sou discursivo e palavroso. Cada um ficou no seu canto, até descobrirmos que os dois somos ubíquos. Convivemos bem nos dois cantos; depende só do lugar, da hora e da perspectiva.”

Também participam do debate Beatriz Furtado, Marcelo Magalhães, Max Eluard, Luiza Lemmertz e Clara Lessa.