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Julia Zardo

Por Julia Zardo, professora de empreendedorismo e gerente de ambientes de inovação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Inovação e Sociedade: uma conversa sobre desafios, oportunidades e impactos das práticas inovadoras na vida de todos nós

O que falta para o Rio ser a capital da Indústria da Música? 

Nas terras fluminenses, samba, choro, bossa nova, charme e funk fazem parte da identidade do território e, a partir daqui, ganham o Brasil e o mundo.

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Atualizado em 23 abr 2025, 12h37 - Publicado em 23 abr 2025, 12h36
O que falta para o Rio ser a capital da Indústria da Música?
 (foto/Getty Images)
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O Rio de Janeiro tem uma relação histórica com a música. Nas terras fluminenses, samba, choro, bossa nova, charme e funk fazem parte da identidade do território e, a partir daqui, ganham o Brasil e o mundo. Esses ritmos estão profundamente conectados à internacionalização da cidade e fazem parte de sua imagem e reputação. A força da música é imensa e vai muito além da percepção do seu papel transformador e do valor artístico intangível. Ela também produz trabalho, renda, estimula o comércio, impacta sistematicamente setores tradicionais, dá voz às comunidades e valoriza territórios.

A música é ferramenta de desenvolvimento econômico e movimenta o Rio durante todo o ano, por meio de shows nacionais e internacionais e festivais (que integram o calendário da cidade) e do ecossistema musical já presente nos territórios, com seus bailes, festas, pagodes e tantas outras manifestações. Em 2024 foram mapeadas mais de 150 rodas de samba: são músicos, vendedores ambulantes, bares, restaurantes, além das estruturas de palco e som presentes nesses encontros. Só o carnaval do Rio, segundo o governo do estado, movimentou R$ 6,5 bilhões; o show de Madonna, em 2024, trouxe mais R$ 300 milhões para a cidade e a previsão para o show da Lady Gaga é movimentar aproximadamente R$ 600 milhões, prevê a prefeitura.

Diante desse cenário tão potente e, ao mesmo tempo, orgânico para a cidade, alguns pontos merecem atenção: por que a música não tem seus dados mapeados e organizados? O que estamos perdendo com esta ausência de informações? Como tornar a música do Rio de Janeiro mais conhecida no Brasil e no exterior? O que ganhamos com isso?

A última edição do Diálogos Criativos, em parceria com o Queremos!, teve o tema como pergunta norteadora para as discussões com profissionais renomados de diferentes áreas, mas conectados pela música e motivados em pensar, de forma coletiva e estratégica, o papel desse segmento como vetor de desenvolvimento.

Como consenso está a importância de organizar, desenvolver e capacitar o ecossistema musical e aproveitar a abundância de soft power e identidade do Rio de Janeiro como diferencial para se alcançar desenvolvimento econômico, social e cultural, além da necessidade de estruturar políticas públicas, com o objetivo de fortalecer o segmento musical, tratá-lo como indústria e torná-lo mais relevante e economicamente interessante.

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Outros lugares, que implementaram ações semelhantes, já colhem resultados robustos. A Colômbia atualmente se posiciona como a maior exportadora de música da América Latina, resultado de uma série de políticas públicas específicas para suas indústrias criativas. A capital Bogotá apresenta um ecossistema muito próspero, formado por mais de 1.700 empresas que atuam em espetáculos musicais, gravações, edição, criação musical e fabricação de instrumentos. Com essas empresas, foram criados mais de 10 mil empregos diretos e comercializados 836.766 milhões de pesos em 2017 (algo como 276 milhões de dólares). Para se ter uma ideia, em um período de dez anos, entre 2007 e 2017, a cidade recebeu mais de 400 milhões de dólares em investimentos estrangeiros para o setor musical.

Vale sempre lembrar: o mais difícil nós já temos, que é o talento e a vocação natural para a música. Aliás, faz tempo que somos protagonistas nisso. Basta olhar o número de turistas que procuram por samba, funk e bossa nova assim que aterrissam por aqui, ou mesmo o resultado do Relatório do Mercado Fonográfico Brasileiro 2023. No ranking das 200 músicas mais tocadas nas plataformas de streaming em 2023 no país, 93,5% eram de artistas nacionais. Os brasileiros adoram ouvir a própria música! Agora é hora de unir esforços e trabalhar fortemente em estratégias para tornar a indústria da música uma potência que agregue valor, atraia investimentos e exporte essa como mais uma de nossas marcas criativas.

Natany Borges, especialista de projetos especiais na Gerência de Ambientes de Inovação da Firjan e  Oswaldo Neto, analista de projetos especiais na Gerência de Ambientes de Inovação da Firjan, respectivamente, são coautores dessa coluna.

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