O que falta para o Rio ser a capital da Indústria da Música?
Nas terras fluminenses, samba, choro, bossa nova, charme e funk fazem parte da identidade do território e, a partir daqui, ganham o Brasil e o mundo.
O Rio de Janeiro tem uma relação histórica com a música. Nas terras fluminenses, samba, choro, bossa nova, charme e funk fazem parte da identidade do território e, a partir daqui, ganham o Brasil e o mundo. Esses ritmos estão profundamente conectados à internacionalização da cidade e fazem parte de sua imagem e reputação. A força da música é imensa e vai muito além da percepção do seu papel transformador e do valor artístico intangível. Ela também produz trabalho, renda, estimula o comércio, impacta sistematicamente setores tradicionais, dá voz às comunidades e valoriza territórios.
A música é ferramenta de desenvolvimento econômico e movimenta o Rio durante todo o ano, por meio de shows nacionais e internacionais e festivais (que integram o calendário da cidade) e do ecossistema musical já presente nos territórios, com seus bailes, festas, pagodes e tantas outras manifestações. Em 2024 foram mapeadas mais de 150 rodas de samba: são músicos, vendedores ambulantes, bares, restaurantes, além das estruturas de palco e som presentes nesses encontros. Só o carnaval do Rio, segundo o governo do estado, movimentou R$ 6,5 bilhões; o show de Madonna, em 2024, trouxe mais R$ 300 milhões para a cidade e a previsão para o show da Lady Gaga é movimentar aproximadamente R$ 600 milhões, prevê a prefeitura.
Diante desse cenário tão potente e, ao mesmo tempo, orgânico para a cidade, alguns pontos merecem atenção: por que a música não tem seus dados mapeados e organizados? O que estamos perdendo com esta ausência de informações? Como tornar a música do Rio de Janeiro mais conhecida no Brasil e no exterior? O que ganhamos com isso?
A última edição do Diálogos Criativos, em parceria com o Queremos!, teve o tema como pergunta norteadora para as discussões com profissionais renomados de diferentes áreas, mas conectados pela música e motivados em pensar, de forma coletiva e estratégica, o papel desse segmento como vetor de desenvolvimento.
Como consenso está a importância de organizar, desenvolver e capacitar o ecossistema musical e aproveitar a abundância de soft power e identidade do Rio de Janeiro como diferencial para se alcançar desenvolvimento econômico, social e cultural, além da necessidade de estruturar políticas públicas, com o objetivo de fortalecer o segmento musical, tratá-lo como indústria e torná-lo mais relevante e economicamente interessante.
Outros lugares, que implementaram ações semelhantes, já colhem resultados robustos. A Colômbia atualmente se posiciona como a maior exportadora de música da América Latina, resultado de uma série de políticas públicas específicas para suas indústrias criativas. A capital Bogotá apresenta um ecossistema muito próspero, formado por mais de 1.700 empresas que atuam em espetáculos musicais, gravações, edição, criação musical e fabricação de instrumentos. Com essas empresas, foram criados mais de 10 mil empregos diretos e comercializados 836.766 milhões de pesos em 2017 (algo como 276 milhões de dólares). Para se ter uma ideia, em um período de dez anos, entre 2007 e 2017, a cidade recebeu mais de 400 milhões de dólares em investimentos estrangeiros para o setor musical.
Vale sempre lembrar: o mais difícil nós já temos, que é o talento e a vocação natural para a música. Aliás, faz tempo que somos protagonistas nisso. Basta olhar o número de turistas que procuram por samba, funk e bossa nova assim que aterrissam por aqui, ou mesmo o resultado do Relatório do Mercado Fonográfico Brasileiro 2023. No ranking das 200 músicas mais tocadas nas plataformas de streaming em 2023 no país, 93,5% eram de artistas nacionais. Os brasileiros adoram ouvir a própria música! Agora é hora de unir esforços e trabalhar fortemente em estratégias para tornar a indústria da música uma potência que agregue valor, atraia investimentos e exporte essa como mais uma de nossas marcas criativas.
Natany Borges, especialista de projetos especiais na Gerência de Ambientes de Inovação da Firjan e Oswaldo Neto, analista de projetos especiais na Gerência de Ambientes de Inovação da Firjan, respectivamente, são coautores dessa coluna.
Padre, filósofo e agora autor: reitor da PUC-Rio lança 1º livro
Bokor: Edifício Lage faz 100 anos e ganha coletivo de arte na cobertura
João Vicente admite affair com Gracyanne Barbosa
Por que prefeitura decidiu transferir ponto facultativo do Dia do Servidor
Sem registros de confusões, João Gomes reúne milhares de fãs na Lapa