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Julia Zardo

Por Julia Zardo, professora de empreendedorismo e gerente de ambientes de inovação Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Inovação e Sociedade: uma conversa sobre desafios, oportunidades e impactos das práticas inovadoras na vida de todos nós

Economia Circular, Carnaval e Inovação: por que essa combinação dá match

É a inovação e a tecnologia que ajudam a economia circular a alçar voos maiores.

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Atualizado em 28 fev 2025, 13h09 - Publicado em 28 fev 2025, 13h05
É a inovação e a tecnologia que ajudam a economia circular a alçar voos maiores
Economia Circular, Carnaval e Inovação: por que essa combinação dá match  (foto/Getty Images)
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Vem se aproximando o carnaval e o Rio de Janeiro espera receber mais de um milhão de turistas para esta temporada, além da circulação dos próprios moradores da cidade em atividades culturais e de lazer. É grande a expectativa pela movimentação da economia local, especialmente relacionada ao turismo. Uma consequência direta desse grande movimento incomum aos fluxos corriqueiros da cidade, no entanto, é o seu impacto ambiental, provocado por exemplo pelo aumento da geração de resíduos, do consumo de água e energia, da circulação de automóveis e de toda atividade que é intensificada quando se aumenta a demanda local. 

No ano em que o Brasil será anfitrião da Conferência das Partes sobre Mudança do Clima – a COP 30, que acontecerá em novembro, em Belém – esse tipo de impacto não passa despercebido. Não à toa lideranças governamentais e empresariais preocupam-se, cada vez mais, em prestar contas sobre a sustentabilidade de suas ações, seja no âmbito da gestão de uma cidade ou de um bem ou serviço oferecido ao mercado. 

Uma das abordagens que vem conquistando espaço na agenda de sustentabilidade e que promete minimizar os impactos das atividades é a economia circular. A ideia é entregar resultados eficientes por meio da redução do consumo e do uso de materiais, da ampliação da durabilidade e da vida-útil das coisas e, finalmente, do fechamento dos ciclos ao término da função de um determinado produto ou material. Em outras palavras, trata-se de uma economia que consome menos, usa por mais tempo e reaproveita as coisas, no final. A proposta ganhou tração no Brasil em 2024, quando o Governo Federal anunciou a Estratégia Nacional de Economia Circular, que indica que são desejados esforços para que se minimize o impacto material e ambiental das atividades. 

É claro que essa cultura chega ao Carnaval. A Prefeitura do Rio anunciou a campanha Folia Verde, com diversas ações de sustentabilidade e educação ambiental durante o período de festas. Duzentos catadores de recicláveis atuarão diretamente na segregação de parte dos resíduos gerados – espera-se que 25 mil toneladas de resíduos sejam coletadas no Carnaval carioca. 

Outra iniciativa que vale a pena ser mencionada é a Sustenta Carnaval, um projeto que desde 2020 reaproveita toneladas de indumentárias carnavalescas após os desfiles das escolas de samba da Série Ouro e Especial. Para se ter uma ideia, em 2024, essas sobras foram transformadas em brindes para a cúpula do G20. Em parceria com a prefeitura do Rio e o Instituto Mulheres do Sul Global, a organização confeccionou carteiras e ecobags feitas de tecidos de fantasias e lonas de eventos para chefes de estado, chanceleres e representantes das 20 maiores economias do mundo. Para esse projeto, foram mais de mil peças produzidas e uma mitigação de 2.7 toneladas de CO2 equivalente. Um impacto bonito (e colorido) de se ver! 

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  Aqui no Rio, startups  têm ajudado empresas (e blocos!) a melhor gerenciarem seus resíduos. No ano passado, a Minha Coleta, startup que conecta toda a cadeia de resíduos desde o gerador até a indústria, gerenciou a reciclagem do lixo produzido por 17 blocos que tomaram as ruas em Maricá. A folia rendeu uma tonelada de resíduos, o equivalente a 10% de toda a coleta de reciclagem do sambódromo. Para dar conta desse processo, a startup que é acelerada pelo Conecta Lab, da Firjan IEL, contou com uma rede de parceiros com caminhões, galpões e ex-catadores que coletam, separam, contabilizam e lançam as informações dos resíduos no sistema de venda para indústrias, aumentando o valor agregado do resíduo. Mas a Minha Coleta não atua só no Carnaval. Empresas do ramo de bebidas, redes de farmácias e até siderúrgicas contam com o apoio da startup que em 2024 rastreou 87 mil toneladas de resíduos e desviou, desse montante, 34% para a reciclagem. O impacto disso equivale a 112 maracanãs plantados com eucaliptos e menos 2.8 toneladas de minério extraídos da natureza.  

 Outro modelo de negócio que evita o desperdício e tem a economia circular como um de seus pilares é a Whywaste, uma foodtech que ajuda supermercados e redes de varejo a eliminarem suas perdas com produtos vencidos. Mas como esse sistema opera na prática? Por meio de uma plataforma online, a startup aplica técnicas de bigdata analytics e fornece uma visão abrangente sobre os estoques em data crítica, permitindo a realização de promoções que evitam a perda desses produtos. Pesquisa com os clientes da startup indica que a média de 30% nas vendas promocionais aumenta para 80% com o uso da ferramenta.  

 É a inovação e a tecnologia que ajudam a economia circular a alçar voos maiores e a consolidar seu espaço desde o barracão da escola de samba até uma grande empresa. E se você chegou até aqui, e deseja colaborar com essa discussão, o Plano Nacional de Economia Circular está em consulta pública até 19 de março na plataforma Participa + Brasil. As ideias e opiniões recebidas vão ajudar a definir os objetivos e ações a serem adotadas na transição para um sistema econômico mais eficiente, regenerativo e inclusivo. Participe! É a nossa oportunidade de ajudar a transformar o lugar onde habitamos.  

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 Carolina Zoccoli, especialista em Sustentabilidade na Firjan é coautora dessa coluna. 

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