Basta espiar as redes sociais, nossa janela para o mundo em 2020, para saber: o tie-dye está em alta. Grazi Massafera e Cleo Pires estão usando, Giovanna Ewbank e Sabrina Sato também assim como as influenciadoras Camila Coutinho e Luiza Sobral. A técnica de tingimento voltou às coleções no último verão, mas se consolidou na moda mesmo na quarentena por ter um aspecto aconchegante e ao mesmo tempo lúdico, além de ser uma técnica fácil e divertida de D.I.Y. (Do It Yourself ou Faça Você Mesmo). Agora, em pleno inverno, segue em alta nas ruas com a reabertura do comércio.
Ligada à contracultura, a estampa ganhou o mundo nos anos de 1960 e 1970 com o movimento hippie. A fama internacional veio com os figurinos de estrelas do rock como Janis Joplin. Feito artesanalmente, o método não foi criado pelos hippies americanos, mas já existia em países como Índia, onde era chamado de bandhani e usava pigmentos naturais, desde o século IX.
“Esta estampa foi resgatada como símbolo de rejeição às regras sociais, à violência e à uniformidade da cultura da época por jovens que pregavam o amor e buscavam o individualismo através de técnicas de tingimento em suas roupas. O que acho genial no tie-dye é a possibilidade das pessoas de se expressarem com sua arte em casa, e usar, criando sua própria tendência”, diz a consultora de moda Juliana Lenz, sócia do Personal Brechó, que também sempre tem peças à venda com a técnica.
O termo tie-dye, do inglês, quer dizer “amarrar e tingir”. Ao fazê-lo, não é possível ter controle total do resultado. Por isso ele representa de alguma maneira a liberdade e tem um caráter lúdico e de surpresa. As cores intensas e neon, as mais usadas, são as principais tonalidades usadas desde a década de 1970 por serem também uma referência ao universo psicodélico. A estampa demorou para chegar às passarelas, digamos, oficiais. Mas desde os anos de 1990 ela tem voltado de vez em quando à moda – e desta vez veio com tudo.
Fashionistas aderiram. A forma mais cool de usar no momento é em look total tie-dye, como short e camiseta, por exemplo, ou moletom completo. Tem gente até combinando com a máscara, como fez Grazi Massafera para dar uma volta no shopping semana passada. O aspecto comfy, o conceito de liberdade e a possibilidade de upcycling que a estampa traz, acredito, foi um dos motivos para a técnica virar a moda do momento. Para crianças, os tie-dye virou a nova slime. Ainda quarentenadas e sem aulas presenciais na escola, as meninas transformaram o tingimento artesanal em novo passatempo.
Embora seja simples de fazer em casa (abaixo, o passo a passo), várias marcas estão vendendo peças lindas de tie-dye para todos os bolsos e gostos. Desde C&A, com uma coleção assinada pela cantora e ex-BBB Manu Gavassi, passando por marcas esportivas, como Adidas, e até Animale e neobrands como Dye Me, que nasceu de um momento de inspiração da estilista revisitando esta arte que é o tie-dye. A técnica é encontrada também em todas as coleções da estilista Gilda Midani.
Faça Você Mesmo: Tie-dye
Materiais: uma peça de tecido de fibra natural, como algodão, idealmente branca; 1 garfo; Elásticos; tintas para tecido diluída em água.
Passo-a-passo da estampa espiral: Pressione o garfo no meio da peça e gire a roupa (como se enrolasse espaguete). Depois que ela virar um espiral, passe os elástico nas diagonais formando um X (dois elásticos bastam) para prender a peça neste formato espiralado. Em seguida, aplique as tintas coloridas diluídas: você pode botar um tom em cada “fatia” delimitada pelos elásticos, deixando-a toda tingida. Deixe secar até o dia seguinte, abra a peça para ver como ficou e aplique um fixador para tecido.
Atenção: as três primeiras lavagens da peça devem ser feitas individualmente por segurança (caso soltem tinta) para não manchar outras peças de roupa.
Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.