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Por Ike Cruz, empresário artístico
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Um mundo sob o caos e seus influenciadores digitais

Não existe mais limite entre a vida digital e a vida pessoal. Quem ainda não entendeu isso vai se perder

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Atualizado em 1 Maio 2020, 18h33 - Publicado em 1 Maio 2020, 18h29

Escrever uma coluna monotemática neste momento é um desafio enorme. A quantidade de acontecimentos gerados está na esfera dos fatos por minuto. Pandemia, pico chegando, hospitais colapsados, milhares de óbitos, ministros indo, outros chegando, coletiva bombástica, pronunciamento nem tanto. Economia sem rumo, dólar no ar e cias aéreas no chão. 

Tudo isso permeado por frases infelizes e comportamento piores ainda. Um verdadeiro circo dos horrores. Mas como já foi dito, e daí? E daí que ainda tem a internet e seus influenciadores digitais. Agora vou me ater a esses últimos. Antes do imbróglio envolvendo a festa da Pugliesi, uma matéria na VEJA já antecipava uma sucessão de deslizes durante a pandemia. Ou melhor, desabamentos de imagem.  

Na reportagem “Em que mundo vivem”(vale a leitura) assinada por João Batista Jr., fica evidente que esses casos não são isolados e muito menos se restringem aos influenciadores brasileiros. Ele relata alguns casos constrangedores entre eles o da apresentadora americana Ellen DeGeneres que desabafou (outro perigo das redes) dizendo se sentir numa “prisão” por não sair de casa há dias. Até aí, ignorando o exagero da comparação, pode se tentar entender a metáfora. Mas fica impossível quando se sabe que a celeb mora numa mansão na Califórnia, de 33 000 metros quadrados com estrutura de resort e avaliada em quase U$30 milhões.  

Desde que esse movimento começou, admito que sempre impliquei com esse termo “influenciador”. Além de soar um tanto cafona é prepotente na essência. Quem se intitula como tal? A partir do momento em que todos os movimentos são estrategicamente pensados pra tentar influenciar, já tira a espontaneidade e a naturalidade das ações. 

Outro dia, minha equipe recebeu uma mensagem por e-mail, onde uma mãe pleiteava uma chance para o seu filho. Ela alegava que o sonho do menino era se tornar um “digital influencer”(ainda fica pior assim) e que tinha aptidão para tal atividade. Obviamente ela colocou o @meufilho na mensagem e de curiosidade fui observar o perfil.  

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De cada dez fotos, onze eram selfies. O fato é que com celular na mão quase todos se acham em condições de serem atraentes e incríveis a ponto de se tornarem referências. O verdadeiro influenciador não objetiva influenciar e não age com essa motivação. Ele possui hábitos e comportamentos próprios, porque acredita que aquilo é bom para ele e trará resultados para si próprio. Desde hábitos alimentares, maneira de se vestir, rotina de trabalho, a doações públicas. 

Quando se tem resultados, naturalmente as pessoas se espelham. Por isso, muitas pessoas que não almejam influenciar o fazem brilhantemente de forma involuntária, e muitas que desejam avidamente por isso, passam vergonha. 

Aqui duas coisas são importantes. A partir do momento em que há plena consciência de que está influenciando um grupo ou sociedade, querendo ou não, passa-se a ter uma responsabilidade sobre essa ascendência. E isso é sério, não pode ser ignorado. O outro ponto a quarentena apenas potencializou. Como as plataformas também passaram a ser um grande espaço publicitário, são legítimas as ações dos influenciadores e das empresas sob esse aspecto. 

Portanto, para muitos, isso não é mais amador assim quanto alguns ainda parecem acreditar. Talvez por ter começado como uma brincadeira egoica, sem pretensões maiores do que centenas ou milhares de likes. O fato é que marcas e empresas investem cada dia mais pesado nesse mercado através desses influenciadores e muitos artistas.

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Com isso, o limite entre a vida digital e a pessoal passou a não existir mais. O profissional ou mesmo um amador remunerado deve ter consciência disso e sobretudo de que seus atos e comportamentos respingam nos contratantes. 

Por fim, uma coisa que sempre me intrigou nesses escândalos envolvendo atletas, artistas, políticos e agora os influenciadores. Por motivos óbvios, a porrada é sempre no personagem central, no mais conhecido e que detém fama e contratos. Porém, eles estão sempre cercados de amigos e até mesmo, digamos, assessores. Tudo bem que a responsabilidade é do protagonista, mas por que será que nunca tem uma alma consciente pra evitar a tragédia e dizer no momento crucial: não faça isso, vai dar a maior M…!!! 

Ike Cruz é empresário artístico e consultor de imagem. Gostou do artigo ou tem sugestões? Escreva para ikecruz.veja@gmail.com

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