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Histórias do futebol carioca

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A análise do blog sobre o novo Maracanã

1. Fechamento do estádio e investimento público: Podemos considerar assunto superado, mas não posse iniciar a análise sem expor minha convicção de que um prédio público, de caráter histórico para a população local, recém reformado, plenamente utilizado, com seus usuários satisfeitos (esse era o retrato do Maracanã após o Pan e antes da reforma), não […]

Por Bruno Salles
Atualizado em 25 fev 2017, 19h06 - Publicado em 5 jun 2013, 04h16
05 - escada da arquibancada
05 - escada da arquibancada (/)
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Novo Maracanã, por dentro, é completamente diferente do antigo.

1. Fechamento do estádio e investimento público: Podemos considerar assunto superado, mas não posse iniciar a análise sem expor minha convicção de que um prédio público, de caráter histórico para a população local, recém reformado, plenamente utilizado, com seus usuários satisfeitos (esse era o retrato do Maracanã após o Pan e antes da reforma), não pode ser fechado por três anos para uma reforma que o descaracteriza completamente ao custo de R$1,2 bilhão de dinheiro público.

2. Venda de ingressos: Continua ruim. Quem compra pelo site paga taxa de conveniência mas precisa retirar o ingresso em algum ponto de retirada. Quem compra em bilheteria enfrente longas filas. Quem paga inteira se sente fazendo papel de bobo, pois o preço é alto contando com o excesso de estudantes (de todas as idades…) e a falta de controle quanto a isso. Tudo isso culminando com a informação de que os ingressos estavam esgotados contrastando com público divulgado com cerca de 20 mil lugares vazios e bilheterias funcionando no dia do jogo.

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3. Transporte, estacionamento e circulação no entorno: Pelo caráter específico da partida, muita gente foi cedo para o estádio, o que facilitou a chegada para quem foi de metrô, trem, carro ou táxi. Quem foi de carro parou longe, devido a interdições nos arredores. Ficou a impressão de que o quarteirão ao redor do estádio foi fechado para o trânsito um pouco como compensação pelo excesso de obras nas calçadas.

4. Acesso e circulação interna: Nas quatro novas rampas, duas atrás de cada gol o acesso foi fácil e rápido durante todo o tempo. Na rampa do Bellini houve filas de mais de meia hora. Talvez seja questão de ajuste de número de roletas para cada setor. Lembrando que houve o duplo controle característico dos jogos FIFA, o que aumenta o tempo necessário para entrar no estádio. Para quem foi na arquibancada os corredores de bares e banheiros estão com o mesmo formato e nova roupagem, o que é ótimo, pois já eram espaçosos e agora estão mais bonitos e limpos.

5. Acomodações e visão do campo: Para quem ficou na parte superior, a visão é muito parecida com a antiga arquibancada. A grande diferença é para quem ficou na parte inferior, mais perto do campo e com maior inclinação, a visão é melhor e com mais proximidade. Os camarotes que antes eram fechados e no ponto mais alto do estádio agora são abertos e entre os setores superior e inferior, com ótima visão e integração à atmosfera do estádio. No antigo Maracanã a visão de jogo já era muito boa, no novo é ainda melhor, de qualquer lugar.

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Novo Maracanã tem setores superior e inferior e, em frente ao meio campo, camarotes entre os setores.

6. Campo reduzido e rede quadrada: A principal mudança diretamente ligada ao jogo é o tamanho do gramado, que diminuiu de 110mx75m, medida tradicional dos gramados dos principais estádios brasileiros, para 105mx68m, medida padrão FIFA (ô termozinho que já encheu o saco…). Quem sou eu para dizer isso, mas acho que esses poucos metros de cada lado não chegam a mudar muito a cara do jogo. Só para lembrar as medidas da regra, vão de 120x90m a 90mx45m. A outra mudança (quase) dentro de campo é o formato da rede, que deixa de ser “véu da noiva” e volta a ser quadrada, como foi no curto período de 1993 e 1994. Essas duas mudanças, passados os eventos FIFA, podem até ser “revogadas”, sem necessidades de grandes obras ou investimentos.

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7. Serviços: O Maracanã sempre teve espaço suficiente para bares, banheiros e até lojas e museus. Como o corredor foi uma das (poucas) áreas mantidas como antes, continua havendo espaço. Houve muitas filas e insatisfação com os altos preços. Mas a correção desses problemas é administrativa e não arquitetônica.

O corredor das arquibancadas continua espaçoso, basta saber organizar os serviços.

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8. Atmosfera, proibições e permissões e especificidades de jogo da Seleção: Jogos da Seleção nas grandes cidades do Brasil já são, há algum tempo, eventos completamente diferentes de grandes clássicos entre os clubes, por isso o Brasil x Inglaterra não pode ser parâmetro para a atmosfera. A impressão que ficou é que, se não houver proibições relativas a instrumentos musicais, faixas, bandeiras e assistir o jogo de pé, o novo Maracanã será palco de grandes festas do futebol. O material da nova cobertura é menos acústico que o da antiga, mas como a cobertura é maior talvez o efeito caldeirão não se perca tanto. Além disso a proximidade do gramado pode ajudar também. Se é para “seguir o exemplo europeu”, que seja o jeito alemão de torcer, onde se paga barato para assistir o jogo de pé e fazendo festa atrás dos gols.

9. Saída do estádio e volta para casa: Com mais rampas e a reativação do corredor superior, a saída do estádio foi muito mais fácil que nos últimos anos, principalmente quando, por causa dos camarotes, o corredor superior deixou de ser uma opção de saída. Mas se sair do estádio foi fácil, chegar em casa usando o metrô não foi tanto. Com tantas restrições ao estacionamento, apelos do poder público ao estacionamento e a elitização do público decorrente dos altos preços dos ingressos fizeram com que o metrô tenha sido a opção da maioria absoluta dos torcedores, que chegaram aos poucos sem problemas, mas foram embora todos ao mesmo tempo e com muitas filas e lotação nos trens.

10. Futuro próximo: As certezas são as Copas das Confederações e do Mundo e as Olimpíadas. A dúvida é quando, como e com que frequência os clubes cariocas voltarão a jogar no estádio. Ocorre que o que já foi a coisa mais simples do mundo, um grande clube carioca usar o Maracanã para seus jogos, hoje é mais complexo, envolve negociações com concessionários, governo, construtora, camarotes… e superado o “poder usar” haverá o “como usar”, relativo ao que foi dito no item 8 sobre atmosfera.

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Rampa superior voltou a servir de acesso ao público.

11. Futuro depois dos eventos internacionais: Passadas as Copas e Olimpíadas, ficarão o Maracanã, o povo e os times. Tomara que juntos como (quase) sempre estiveram desde 1950. Mas se tem uma coisa que me intriga é a debate sobre divisão dos lucros entre concessionários e os clubes sem que ninguém diga o que se fará para que os lucros existam, já que a baixa média de público e o grande número de jogos com pouca gente no estádio são dois problemas com que o futebol brasileiro convive desde sempre e se nada for feito nesse sentido teremos muitos jogos deficitários e o debate será a divisão dos prejuízos e não dos lucros. Fora isso, não como imaginar o Maracanã como uma espécie de Wembley brasileiro, com jogos de seleção e uma ou outra decisão ao longo do ano, não sendo casa de nenhum time. O futuro do Maracanã só será positivo se fizer parte da rotina do futebol carioca, como casa dos times e programa dos torcedores.

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