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Cuidado com o conto do Greenwashing

Muitas marcas se posicionam como ecologicamente corretas no mercado, mas não dão exemplo na prática

Por Giovanna Nader
Atualizado em 25 jul 2018, 21h16 - Publicado em 25 jul 2018, 18h34

Foi-se o tempo em que sustentabilidade era um assunto distante, voltado pra um mercado exclusivo e com clientes seletos. Hoje em dia, ser sustentável é um fator essencial pra uma empresa se manter no mercado competitivo. Por isso, existe um movimento cada vez maior de marcas aderindo esse conceito, transformando seus modelos de negócio pra incluir esse pilar em seus valores. Acontece que, como em qualquer outra tendência do momento, tem muitas marcas surfando nessa onda por puro marketing, quando na realidade, não estão nem um pouco preocupadas em reduzir seus impactos no mundo.

O termo greenwashing, que no português foi traduzido pra “maquiagem verde” ou “lavagem verde”,  é usado pra empresas que, visando criar uma imagem positiva perante seus consumidores, inserem em sua estratégia de comunicação um discurso ecologicamente correto, porém medidas sérias pra minimizar problemas ambientais e sociais não são efetivamente adotadas. E, pasmem, isso acontece mais do que imaginamos!

Sabe aquela marca de camiseta que se diz “eco-friendly”, mas a única coisa que fez foi uma coleção com algodão reciclado de garrafa pet? Ou aquela outra que sai na mídia contando sobre a as importância da valorização social no seu negócio quando na realidade fez uma única ação específica com artesãs rendeiras?

Há muitas marcas que se dizem sustentável por terem couro vegano. O que elas chamam de “vegano” é a substituição do couro animal pelo sintético – que é plástico, possui uma péssima durabilidade e não se decompõe nunca. Vale ressaltar que o couro vegano até existe, e pode ser produzido através de diversas técnicas como tecido feito a partir de fibra de abacaxi, folha de bananeira, casca de árvore, látex ou até fibra de celulose de kombucha. Porém, pouquíssimas marcas se propuseram a investir estudos e tecnologias nessa nova proposta.

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Também é comum encontrarmos por aí marcas que se descrevem como slow fashion, conceito que vai na contramão do fast fashion. Enquanto este último é marcado por produções massivas, desenfreadas e produtos de baixa qualidade, o slow fashion preza por uma produção com baixo impacto ambiental, utilizando produtos naturais, muitas vezes técnicas manuais e uma preocupação social em relação às pessoas envolvidas em seu processo de produção. Apesar disso, a maioria das marcas que se auto denominam slow são apenas marcas pequenas, sem capital suficiente pra uma produção em larga escala, mas que pouco se preocupam com sua mão de obra ou com os tecidos utilizados.

E como saber se a marca que compro não pratica o greenwashing?

O primeiro passo é pesquisar. Na maioria dos casos de greenwashing a informação é vaga. “Somos uma marca slow fashion”, mas quando procuramos o que ela realmente faz por uma moda mais justa e humana, não encontramos mais nada a respeito. O termo 100% natural também é uma pegadinha, que eu inclusive já caí algumas vezes. O mercúrio, por exemplo, é um ingrediente químico 100% natural só que, quando ingerido, pode ser letal.

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Segundo: nunca deixe de questionar. Transparência é um fator primordial para uma marca hoje em dia. A empresa deve fornecer de forma clara e fácil, como suas roupas foram feitas, onde e por quem. As marcas estão mais acessíveis do que nunca através de suas redes sociais. Marcas éticas não tem medo de dizer a verdade e rápido. Se a resposta for vazia ou se nem tiveram o trabalho de responder, desconfie!

Outra dica é buscar por selos de certificação ecológicos. Uma marca que pratica comércio justo ou possui produtos orgânicos objetiva ter os selos das agencias de certificação que comprovem aquela prática. Por exemplo, existe a certificação GOTS (Global Organic Textile Standard), atribuída apenas a produtos que contenham um mínimo de 70% de fibras orgânicas, enquanto o PETA disponibiliza o “selo de vegano”.

É praticamente impossível uma empresa ser 100% sustentável atualmente, devido ao modelo de negócio, produção e consumo do capitalismo contemporâneo. Mas essa mudança pode ser altamente significativa quando a empresa procura efetivamente minimizar seus impactos em diversas fases, desde a produção até o uso dos produtos por seus consumidores, passando pela venda e descarte da peça. Por isso, marcas que disponibilizam recursos, estudos, investimentos e pessoas na verdadeira busca por um mundo melhor merecem nosso reconhecimento. Apoiemos!

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