Morte por causas evitáveis: números voltam a crescer no Brasil
Sedentarismo, obesidade, diabetes, hipertensão e sono pouco reparador estão entre as principais causas
Após dez anos de queda, o número de mortes por causas evitáveis voltou a crescer no Brasil em 2021, especialmente como consequência da Covid-19. A informação foi divulgada recentemente pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). O crescimento de casos se dá, essencialmente pelo impacto que a pandemia causou nos serviços de saúde, mas não se pode relegar a segundo plano a quantidade de pessoas que cancelaram consultas e exames de rotina por medo de pegar o vírus – até mesmo quando a sua letalidade já estava sob controle.
Algumas causas dos óbitos por razões evitáveis são cânceres colorretais associados à má alimentação; infecções imunopreviníveis, como hepatites, tuberculose e tétano; tumores no colo do útero, resultado da não vacinação contra o HPV, além de outras doenças diretamente relacionadas ao estilo de vida, como sedentarismo, obesidade, diabetes sem controle, doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, e sono reparador, por exemplo.
Mais uma vez, destacamos a importância do bom funcionamento das unidades de Atenção Primária à Saúde (APS) da rede pública. Pela sua capilaridade e capacidade de reagir a muitos sintomas iniciais, os postos de saúde do SUS podem ser responsáveis pela prevenção de uma quantidade relevante de causas evitáveis de mortes, não apenas pelo monitoramento e controle de indicadores de diabetes e hipertensão, mas também por sua eficiência em aplicar vacinas e prestar orientação sobre as doenças. Infelizmente, segundo relatório do próprio IEPS, apenas 76% dos brasileiros estão cobertos pelo atendimento da Saúde da Família – segundo os especialistas, o número ideal seria, no mínimo, 50%.
Em nossas unidades da Med Rio Check-Up também identificamos o forte impacto da pandemia na saúde de nossos clientes: o sedentarismo cresceu muito (65% são sedentários), o excesso de peso corporal acompanha a evolução (60% acima do peso), dificuldade para dormir (35%) e aumento do consumo de bebidas alcoólicas (40%). A automedicação com ansiolíticos e hipnóticos (indutores do sono), juntamente com antidepressivos, estão entre os medicamentos mais consumidos. Inevitavelmente, as condições acima fragilizam a imunidade das pessoas.
Os dados agora divulgados pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) são fundamentais, pois jogam luz na importância da prevenção. A ciência tem reiteradamente afirmado que a melhor combinação de medidas para um estilo de vida que promove saúde e mantêm distante de doenças crônicas é a realização exames preventivos regulares, alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, noites reparadoras de sono, baixo consumo de bebidas alcoólicas e distância do tabagismo.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, criou a Med Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de quatro livros: Como se tornar um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (editora Rocco), Emoções e saúde (editora Rocco) e Saúde é Prevenção (editora Rocco), com o médico Galileu Assis, diretor da Med Rio Check-Up.