Dia Internacional da Mulher: como está a saúde delas?
Um alerta sobre a saúde das mulheres na data em que celebramos a representatividade e as conquistas femininas
Anualmente, a cada dia 08 de março, nossa sociedade erguida há séculos na predominância da figura masculina, faz as devidas reverências às mulheres. Não é para menos. Com o passar dos anos – e à medida que as oportunidades foram cedidas ou conquistadas por elas –, ficou evidente que as mulheres estão em pé de igualdade com os homens nos quesitos competência, comprometimento e entrega de resultados no mercado profissional, onde elas já representam quase 50% dos postos de trabalho. Dia da mulher é todo dia e os homens inteligentes já descobriram isso.
No entanto, os avanços profissionais também trouxeram suas consequências negativas. O estresse, esse vilão no bem-estar do ser humano contemporâneo, deixou de ser exclusividade dos homens. Segundo um estudo publicado no The Journal of Brain & Behavior, as mulheres são duas vezes mais propensas a sofrerem de estresse crônico que os homens. Além disso, um levantamento da Universidade de Harvard revelou que 80% de todas as consultas médicas de mulheres no mundo têm relação direta com o estresse vivenciado no cotidiano.
O isolamento social em resposta à pandemia provocou altos índices de estresse, contribuiu para o aumento do sedentarismo, da má alimentação e das alterações do sono. A saúde mental da população ficou extremamente fragilizada. Os quadros de depressão, ansiedade, pânico e burnout cresceram significativamente. Quanto a saúde física das mulheres, observamos um aumento preocupante do peso corporal, do percentual de gorduras circulantes, alta do colesterol ruim e diminuição do colesterol bom, além do aumento dos triglicerídeos.
O comprometimento da qualidade de vida e da saúde está evidenciado na incidência de uma série de doenças que antes não faziam parte do dia a dia das mulheres, como doença arterial coronariana (a cada três infartos, um é em paciente do sexo feminino, em mulheres cada vez mais jovens), câncer de mama (também incidindo em mulheres com menos idade), do colo de útero, doenças respiratórias (nas avaliações da Med-Rio Check Up observamos mais fumantes mulheres do que homens), diabetes (de acordo com o Ministério da Saúde, 8,1% das brasileiras tem a doença) e Esteatose Hepática (mais conhecida como gordura no fígado, tem como principais fatores de risco o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e carboidratos, sedentarismo e colesterol alto).
A boa notícia é que tudo isso pode ser mitigado se houver um acompanhamento médico preventivo. A prevenção é o caminho mais rápido, barato e fácil de se ter saúde e uma boa qualidade de vida. Saúde é prevenção!
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E já que o assunto da coluna é o talento feminino: é inegável o protagonismo das mulheres na missão de levar informação relevante e de qualidade à população sobre a Covid-19. Uma das maiores referências em doenças pulmonares, a doutora Margareth Dalcolmo está todo dia na televisão e nos jornais concedendo, generosamente, seu conhecimento para maior esclarecimento dos brasileiros. É com orgulho que antecipo que Margareth será a entrevistada deste espaço na próxima semana. Uma excepcional colega, que orgulha mulheres e homens.
Gilberto Ururahy é médico há 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. É diretor da MedRio Check-up, líder brasileira em check-up médico. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França e autor de três livros: “Como se tornar um bom estressado” (Editora Salamandra), “O cérebro emocional” (Editora Rocco) e “Emoções e saúde” (Editora Rocco).