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Resgatada pela Música

Antes que minhas teorias se tornassem teimosias de estimação, a audição do disco solo de Tim Bernardes fez com que eu economizasse meses de terapia.

Por Fabiane Pereira
Atualizado em 28 fev 2018, 13h15 - Publicado em 28 fev 2018, 13h03
 (Marco Lafer/Facebook)
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Em Samba da Benção, Vinícius de Moraes afirma que a “vida é a arte do encontro”. Como devota do poetinha, sigo a risca seus ensinamentos e há anos, minha vida tem sido preenchida com GRANDES encontros. A maior parte deles proporcionada pela deusa Música.

Sei que os tempos não estão fáceis. Aliás, todo mundo sabe. Até os mal informados já se ligaram que há algo de podre neste “Reino da Dinamarca” chamado Brasil. Mas cabe a mim, cronista digital contemporânea, lembrá-los que para cada pessoa dizendo que tudo vai piorar existem cem novos casais indo morar juntos e prometendo amor eterno. Para cada corrupto existem mil novos doadores de sangue. Enquanto alguns destroem o meio ambiente, 98% das latinhas de alumínio já são recicladas no nosso país. Para cada tanque de guerra fabricado no mundo, são feitos cento e trinta mil bichinhos de pelúcia.

Se você der uma googada, a palavra amor tem mais resultados que a palavra medo. E é exatamente aí que eu queria chegar. Na coragem, que muitos afirmam ser o contrário de medo. É ela, a coragem, que nos tira da inércia, que nos lança no abismo, que nos move, que nos faz sentir que o pulso ainda pulsa.

É preciso coragem pra se morar no Rio – na verdade, coragem, sorte e conhecimento de técnicas ninja. É preciso coragem pra mudar de emprego, de profissão, se assumir por inteiro, terminar aquela relação acomodada, se apaixonar, parir um filho, educar uma criança, se casar, abrir o coração e a vida pra um novo amor, defender uma ideia (um partido e uma ideologia), aprender chinês, perdoar e pedir perdão, tirar um ano sabático, se derramar emocionalmente, rever seus próprios conceitos, identificar nossas fraturas emocionais e curá-las em definitivo e pra colocar tudo isso num disco e se desnudar pro mundo.

Estar nu no mundo. É essa a sensação que tenho ao ouvir o lindíssimo “Recomeçar” de Tim Bernardes. O álbum solo do músico paulistano, vocalista da bem sucedida banda O Terno, mistura tudo isso de maneira poética, artística. É tão raro ouvir um disco e compreender o (alto) risco que o artista correu ao se escancarar por inteiro. É mais raro ainda ver que todo este risco afetou em cheio uma multidão e transmutou-se em arte, em encontro, em diálogo.

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Antes mesmo que minhas teorias se tornassem teimosias de estimação, a audição do primeiro disco solo de Tim fez com que eu economizasse meses de terapia. Ele me pegou pela mão e disse de maneira doce: tamujunto. Eu acho que a música é isso…a arte do encontro e da conexão de almas porque no fundo estamos todos meio perdidos esperando por um resgate. E às vezes, ele está a uma vitrola de distância.

 

***

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Festival Faro no Circo Voador (tá chegandooo!!)

carne doce
(divulgação/Facebook)

 

Tim Bernardes é uma das atrações do Festival FARO que vai acontecer dia 9 de março, no Circo Voador. Os ingressos estão sendo vendidos aqui. Tim vai participar do show do cantor e compositor carioca Cícero. A noite que tem o patrocínio, a co-curadoria e o afeto da equipe do Natura Musical, vai contar ainda com os shows da banda goiana Carne Doce (participação Letícia Novaes/Letrux) e da Liniker e os Caramelows (participação Larissa Luz). Sabe noite imperdível?? Então…

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