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Fabio Szwarcwald

Por Fabio Szwarcwald, gestor cultural, CEO da A-Ponte e colecionador de arte Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Os destaques da SP-Arte

Um balanço da 21ª edição da principal plataforma do mercado brasileiro de arte, que movimenta milhões de reais anualmente

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Atualizado em 7 abr 2025, 22h29 - Publicado em 7 abr 2025, 14h40
A 21ª edição da SP-Arte ocupou o Pavilhão da Bienal, de 2 a 6 de abril.
A 21ª edição da SP-Arte ocupou o Pavilhão da Bienal, de 2 a 6 de abril. (SP-Arte/Divulgação)
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Na última quarta-feira (2), aterrissei em São Paulo para conferir o preview da 21ª SP-Arte, maior feira de arte do Brasil e a mais relevante do segmento na América Latina. Um total de 200 expositores, sendo 102 galerias, anteciparam as tendências que pautarão o circuito ao longo do ano todo. Além do Rio e São Paulo, diversos estados estiveram representados: Minas Gerais, Paraná, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará e Maranhão. Países como França, Espanha, Itália, Reino Unido, EUA, México, Chile, Colômbia e Bolívia idem.

De acordo com Fernanda Feitosa, fundadora da feira, 11 galerias estrearam nesta edição: “Cito a Flexa, do Rio, e a Yehudi Hollander-Pappi, que abriu as portas recentemente em São Paulo. Entre as internacionais, destaco a Cecilia Brunson, de Londres, e Casa Zirio, de Bogotá. No setor de design, tivemos 16 estreantes, como as gigantes Carlos Motta e Atelier Sergio Gonçalves, além das jovens Aalvo Gallery, Assimply e Designers Group. Acho que estamos vendo em 2025 uma consequência dos efeitos da Bienal de Veneza, de 2024, que teve Adriano Pedrosa como curador. Ele trouxe o Sul Global para o centro da cena. E tivemos esse ano uma presença de colecionadores estrangeiros igual à que tínhamos antes da pandemia”, celebra Feitosa.

Além da última Bienal de Veneza, citada por ela, podemos dizer que o forte interesse do mercado estrangeiro pela produção do Brasil se deve ao destaque que alguns artistas têm alcançado. Em 2024, a carioca Tadáskía fez sua primeira apresentação solo nos Estados Unidos, no MoMA de Nova York. Já o paulistano Lucas Arruda é o primeiro brasileiro a ter uma exposição individual no Musée d’Orsay: “Lucas Arruda – Qu’importe le paysage” abre amanhã (8/04), em Paris, como um importante evento do Ano do Brasil na França.

A reverberação desse boom da arte brasileira resultou na presença de muitos colecionadores internacionais e patronos de grandes museus do mundo nesta edição da SP-Arte. Mesmo a despeito da retração do mercado que responde à instabilidade da economia global, efeito da guerra na Ucrânia, do conflito Israel x Palestina, de inflação alta e da guerra comercial imposta pelo novo governo Trump.

Os destaques

Bem na entrada da feira, havia um bonito Renoir. Em destaque, no primeiro pavimento, grandes clássicos modernos como Tarsila, Portinari e Di Cavalcanti. Volpi foi outro expoente muito exibido pelas galerias. A produção de Adriana Varejão também esteve em evidência, vi um conjunto bem bonito de trabalhos dela.

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A galeria Flexa, aqui do Rio, apresentou o projeto “Tramas da criação”, uma interessante seleção com foco em artistas mulheres, reunindo obras de nomes de diferentes gerações, como Mira Schendel, Vivian Caccuri, Wanda Pimentel, Sandra Cinto e Varejão. A Galatea, de São Paulo, inovou ao criar um estande que simulava os cômodos de uma casa decorada com os artistas representados. E a Vermelho levou um trabalho lindíssimo, em arame, do paulistano André Komatsu.

Mas eu diria que a obra que mais me chamou a atenção foi “Anatomia de um anjo” (2008), do britânico Damien Hirst. Em referência às esculturas clássicas, ele retrata um anjo em mármore carrara com cortes transversais em seu corpo, que revelam a “humanidade” por meio da estrutura óssea exposta abaixo da pele. A obra estava à venda por 3,5 milhões de dólares, na Almeida & Dale.

Outro ponto alto foi a repatriação, através da carioca Danielian, da tela “O aqueduto do Rio de Janeiro e a Rua Mata-Cavalos” (1816-17), de Nicolas-Antoine Taunay (1755-1830), desaparecida há mais de 200 anos. No mais, as pautas identitárias permanecem em evidência com forte representação de artistas racializados.

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Com relação às cifras, havia múltiplos levados por instituições a partir de R$1.500, o que viabiliza a formação de novos colecionadores (aliás, a presença de público jovem foi ostensiva nesta edição). O tema colecionismo foi explorado nas conversas apresentadas no Palco SP-Arte, que reuniu curadores, empresários e especialistas do setor. Os encontros abordaram formas concretas de fomentar a produção artística, o papel do investimento em novas linguagens para renovar o mercado e os processos curatoriais por trás das grandes coleções.

A SP-Arte é a principal plataforma do mercado brasileiro de arte e design. As grandes feiras seguem sendo não só oportunidade de grandes negócios, mas uma excelente imersão cultural para públicos diversos, onde se amplia o repertório artístico e se faz um bom networking.

 

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