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Por Fabio Szwarcwald, colecionador de arte e gestor cultural
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MAM de Verão: o carnaval no “não carnaval”

Em meio à crise, MAM Rio atua de forma propositiva e oferece ampla programação gratuita para todos os públicos, até março

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Atualizado em 29 jan 2021, 19h37 - Publicado em 29 jan 2021, 13h31

Índios, negros e pobres. A inscrição atravessa a bandeira verde e rosa do enredo “História pra ninar gente grande”, que emocionou uma multidão na Sapucaí e rendeu à Mangueira o título de campeã em 2019. De autoria do artista e carnavalesco Leandro Vieira, Bandeira brasileira (2019-2021) será a primeira obra do carnaval a integrar o acervo permanente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, que conta com cerca de 16 mil peças catalogadas. O trabalho foi instaurado no Salão Monumental do MAM, em diálogo com a exposição “Hélio Oiticica: a dança na minha experiência”, e será aberto à visitação pública a partir do dia 4 de fevereiro.

A instalação é parte do projeto MAM de Verão, que se estende até março e, desde o início de janeiro, oferece ampla programação gratuita para todos os públicos: são oficinas, ateliês, performances, cursos, jornada de estudos, visitas mediadas e ciclo de leitura cinematográfica. As atividades acontecem nos espaços do museu, nas áreas circundantes do Parque do Flamengo e também em ambiente digital.

Em um ano de não carnaval, em decorrência da pandemia de Covid-19, a ocupação curada por Leandro Vieira tem como tema os desfiles das escolas de samba, essa manifestação artística e cultural tão intimamente ligada à identidade coletiva do Rio. As iniciativas contam com a participação de mestres e rainhas da Estação Primeira, que conduzem oficinas públicas e compartilham seus saberes ancestrais próprios do universo do samba. Como bem disse o curador, “são eles os detentores de um conhecimento específico, nem sempre valorizado com a grandeza que merece”.

Durante o mês de fevereiro, o MAM de Verão seguirá apresentando uma série de atividades, entre elas o ciclo de debates Performances do Carnaval, que discutirá perspectivas fundamentais para a compreensão da história social e política da cidade, bem como aspectos ligados às disputas de narrativas e às lutas por reconhecimento de territórios simbólicos. Entre os convidados estão o mestre de bateria da verde e rosa, Wesley Assumpção, o historiador Luiz Antonio Simas, a jornalista Flávia Oliveira e a rainha de bateria da Mangueira, Evelyn Bastos.

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A ocupação de março prevê uma apresentação da Mangueira no primeiro domingo do mês e uma jornada de estudos acerca da obra de Hélio Oiticica, como proposição de encerramento da exposição montada em parceria com o MASP, para um processo imersivo de atividades que envolvem as diferentes áreas do museu.

Toda essa jornada marca o início das ações integradas para a reativação do Bloco Escola (sobre o qual falei aqui na minha primeira coluna), um movimento importantíssimo no marco institucional por resgatar a vocação original do MAM, que se sustenta no tripé arte, educação e cultura.

Considerando todas as dinâmicas diferenciadas que a pandemia nos exige, posso afirmar que o MAM Rio vem agindo de forma propositiva durante a crise, gerando iniciativas que entrarão para a história da instituição e ampliando seu diálogo com camadas diversas da sociedade. É esse o modelo de gestão em que acredito.

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Para encerrar, deixo aqui os depoimentos emocionantes e emocionados de Evelyn Bastos, rainha de bateria, Matheus Olivério, mestre-sala, e Squel Jorgea, primeira porta-bandeira, que compõem a belíssima nação verde e rosa:

“Toda oportunidade que temos de propagar a dança do samba precisa ser muito bem aproveitada. De modo que possamos levar a compreensão de que vai muito além de movimentos corporais: é a nossa ligação com a ancestralidade.” (Evelyn Bastos)

“Nossa arte, tão genuína, não se aprende em academia ou faculdade. É preciso estar inserido no universo de uma agremiação e crescer no solo sagrado de uma escola de samba para ter dimensão da sua importância. Para muita gente, a porta-bandeira é apenas aquela que roda. As pessoas desconhecem todo o processo que há por trás dessa técnica, que até o início de 2020 não era reconhecida pelo Sindicato da Dança. É um orgulho muito grande ocupar o MAM, que é tão importante para a história da cidade, e levar esse saber a outras pessoas.” (Squel Jorgea)

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“É uma alegria imensa para um artista negro, mangueirense e mestre-sala ocupar um lugar tão importante para a vida artística brasileira como é o MAM Rio. É algo que emociona e nos enche de orgulho, é um sentimento que transborda. Representar a Mangueira e a classe dos mestres-salas e porta-bandeiras, defender o samba e transmitir essa arte dentro do museu é uma vitória do povo do samba e da nação mangueirense. Bato palma para este movimento que entrará pra minha história.” (Matheus Olivério)

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