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Psiquiatra infantil
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Uso excessivo de telas: danos reais à saúde mental das crianças

Nova pesquisa da UFMG aponta o impacto que o uso prolongado de aparelhos eletrônicos pode causar à saúde de crianças e adolescentes

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 30 nov 2021, 13h50 - Publicado em 30 nov 2021, 11h21

A pandemia, que prendeu as crianças em casa por tantos meses, intensificou e significativamente o uso de smartphones e outras telas. A conclusão é de uma nova pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo o estudo, houve um crescimento preocupante do uso de telas, como celulares, tablets e computadores, por menores de idade. Foram entrevistados mais de seis mil pais e segundo 51% deles, o tempo dos filhos diante de telas passa de quatro horas diárias, outros 24% ficam de três a quatro horas. Ou seja, 75% dos pais reconhecem que os filhos passam mais de três horas por dia expostos a telas.

Quando uma criança está exposta ao estímulo de telas, seu cérebro libera dopamina, substância química quer também é ativada por uso de álcool e drogas. O problema é quando isso começa a acontecer com frequência. O cérebro das crianças ainda não está totalmente maduro, estando suscetível às experiências a que elas estão expostas no cotidiano. Muitas horas ao uso de tablets e aparelhos celulares, a grosso modo, restringem as possibilidades de amadurecimento do cérebro de forma saudável – limitando as horas de leitura e de atividades físicas, como a prática de esportes.

Já existe até um nome para a dependência excessiva de aparelhos de celular: nomofobia, ou seja, o medo de ficar sem o aparelho. Alguns comportamentos que podem ser considerados sintomas são aumento da irritabilidade, ansiedade e quando a criança não consegue ficar distante do aparelho nem mesmo para atividades triviais, como ir ao banheiro.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem suas recomendações sobre o tempo e a idade que as crianças devem ser expostas a telas: até uma hora por dia para crianças com idade entre 2 e 5 anos, e duas horas, como o limite máximo, para crianças com idade entre 6 e 10 anos. Já para os adolescentes, com idades entre 11 e 18 anos, a indicação é de, no máximo, 3 horas por dia, incluindo o uso de videogames.

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Além do número de horas conectados, outra preocupação importante se refere aos conteúdos: que tipo de material os filhos estão tendo acesso em ambientes randômicos, como Youtube e TikTok. A exposição excessiva às redes sociais e ao que elas implicam (comentários, aprovação, reprovação, julgamentos), pode gerar diversos transtornos, como depressão, ansiedade e transtorno de imagem, além do bullying digital – que pode levar à automutilação e ao suicídio.

Sempre vou defender a ideia do bom senso dos pais como régua de comportamento dos filhos. É óbvio que muitas horas na frente de telas não é uma opção saudável – mas também é improvável considerar uma abstenção completa, a partir de uma certa idade da criança. Ninguém melhor que os próprios pais para saberem o quanto e quando é hora de os filhos terem contato com telas, desde a primeira infância. Cabe a eles tal supervisão fundamental.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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