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Psiquiatra infantil
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Remédio é para doença, não para a educação das crianças

Pais gostariam que medicamentos “curassem” os filhos - mas eles só agem sobre doenças, não sobre a educação e limite das crianças

Por Fabio Barbirato
28 set 2022, 10h14

A pandemia de coronavírus foi responsável por diversas mudanças em nossas vidas – algumas já temos consciência (higiene das mãos, prevenção a vírus, valorização do tempo com familiares e amigos), outras acredito que ainda não temos total entendimento, à espera do efeito clareador do tempo.

Especificamente no que tange o exercício da psiquiatria infantil, eu e vários outros colegas temos notado um movimento curioso: o aumento de pais na busca por medicamentos para seus filhos, depois da fase mais aguda da pandemia de coronavírus.

São pessoas que não tem a paciência ou a disciplina que a terapia exige e se arvoram a resolver tudo a base de remédios – do autismo à depressão, da ansiedade ao déficit de atenção, chegando até mesmo às questões comportamentais que passam ao largo de transtornos mentais, como educação dos filhos e imposição de limites.

Nos últimos meses surgiu uma nova leva de pais ou responsáveis que alimentam a fantasia de que as soluções de todos os problemas de seus filhos se darão naqueles cinquenta minutos ou uma hora de consulta com um psiquiatra e resistem à relevância do tratamento terapêutico a longo prazo. Porém, medicação não resolve tudo. Medicação tem seus limites, não é tábua de salvação para todos os males, principalmente entre crianças e adolescentes, um público bastante específico, em que o fator comportamental não pode ser desconsiderado de forma alguma.

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Curiosamente, essa postura se opõe ao que víamos até bem poucos anos atrás. Sempre houve enorme resistência dos pais ou responsáveis quando era preciso indicar alguma medicação aos filhos. Se antes a medicação era o último recurso, hoje ela passou a ser vista como o primeiro. E a verdade, é que ela não é uma coisa, nem outra: remédio deve ser ministrado quando ele pode colaborar no tratamento de um quadro clínico da criança ou do adolescente.

Qualquer coisa fora disso é ansiedade ou preguiça dos pais.

Fabio Barbirato é médico psiquiatra pela UFRJ, membro da Academia Americana de Psiquiatria da Infância e Adolescência e responsável pelo setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na PUC-Rio. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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