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Psiquiatra infantil
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Novo ataque em escola no Rio: os jovens estão mais violentos?

Ocorrência, desta vez na Ilha do Governador, deixou três adolescentes feridos

Por Fabio Barbirato
11 Maio 2022, 17h13

Na última sexta-feira, no intervalo entre uma aula e outra, um jovem de 14 anos desferiu facadas no rosto, no pescoço e no ombro de uma colega de classe, em uma escola municipal na Ilha do Governador. Outro aluno, na tentativa de defendê-la, também acabou sendo ferido. Na sequência, o agressor conseguiu ainda atingir uma outra menina, até ser detido por um professor. As apurações preliminares não dão conta que tenha havido qualquer provocação dos colegas ou que ele fosse vítima de bullying. A mãe do agressor disse aos jornais que o filho sofre de problemas psicológicos e está em tratamento.

Este novo caso soma-se a uma sequência de agressões em escolas, no Rio, no Brasil e no mundo. Um dos episódios mais chocantes foi o massacre na escola de Realengo, também no Rio de Janeiro, em 2011, quando 12 adolescentes, entre 13 e 16 anos, foram assassinados na Escola Municipal Tasso da Silveira. Mas afinal, por que há tanta violência dentro de escolas?

Antes de mais nada, é preciso esclarecer que a atual geração de jovens tem outra relação com a violência. Os adolescentes a consomem muito mais do que há alguns anos ou décadas atrás – nem sempre sob supervisão dos pais ou responsáveis. A violência está exacerbada em séries, filmes, games e outros produtos de entretenimento que esta geração assiste em diferentes plataformas.

Além do terreno da ficção, a violência também se concretiza na vida real. O Brasil é um dos países mais violentos do mundo. De acordo com o Atlas da Violência, do Fórum de Segurança Pública, o país registrou um crescimento de 35,2% no número de mortes violentas por causas indeterminadas entre 2018 e 2019. O maior aumento foi justamente no Rio de Janeiro: 232%. Ao todo, o país tem quase 50 mil homicídios por ano. Chacinas, mortes, assaltos, sequestros fazem parte do nosso cotidiano. Mas a alta exposição à violência, por si só, não transforma um jovem em assassino em potencial.

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Porém, a esse quadro, soma-se uma triste realidade: o grande impacto que a pandemia deixou de legado na saúde mental dos jovens. Pesquisa recente da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo constatou que sete em cada dez alunos da rede pública relataram níveis altos de sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia de Covid-19. Dos 642 mil alunos ouvidos, 440 mil relataram sequelas na saúde mental, ou seja, 69% do total. Uma verdadeira pandemia de saúde mental.

Ainda assim, é preciso ressaltar que não se trata de uma regra: não é porque um jovem está lidando com algum transtorno mental que ele se tornará mais agressivo ou mesmo será capaz de ferir outras pessoas. O ideal é que aos primeiros sinais de mudança de comportamento, o adolescente seja encaminhado para avaliação de um especialista.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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