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Fábio Barbirato

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Psiquiatra infantil
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Filme com Porchat na Netflix: pedofilia não é assunto de piada para jovens

Polêmica sobre o filme “Como se tornar o pior aluno da escola” levanta discussão sobre como temas delicados devem ser abordados com jovens

Por Fabio Barbirato
16 mar 2022, 10h42
Fabio Porchat em cena do filme da Netflix.
Fabio Porchat em cena do filme "Como se tornar o pior aluno da escola": produção tem indicação etária para maiores de 14 anos. (Netflix/Reprodução)
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A exibição do filme “Como se tornar o pior aluno da escola” acaba de gerar uma onda de polêmica entre pais e autoridades nas redes sociais. Presente no catálogo da Netflix desde fevereiro, o filme tem uma cena polêmica em que o personagem de Fábio Porchat intimida garotos a o masturbem e se refere a eles como retrógrados e preconceituosos por se recusarem a atender seu pedido.

Não é a primeira vez que o Porta dos Fundos se envolve em polêmicas acerca do conteúdo de seus programas. Seus especiais de Natal são constantemente criticados por fazerem piadas com a fé alheia. O grupo já se defendeu alegando que o humor não tem o compromisso de agradar a quem quer que seja. Segundo eles, a crítica é elemento essencialno trabalho dos humoristas.

Porchat rebateu as acusações de apologia à pedofilia.Quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado.” 

É aí que mora o problema: a quem o filme se destina. Quando se dirige aos adultos, a ironia dos humoristas é mais que bem vinda. Mas “Como se tornar o pior aluno da escola” tem a classificação etária de 14 anos. Adolescentes devem ter contato com o tema da pedofilia com abordagem diferente, adequada ao entendimento deles. Seguramente, piada não é o caminho. Pais devem sim evitar que os filhos tenham contato com tal conteúdo. No entanto, o assunto é pertinente.

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Para além da discussão politico-ideológica que parece dominar – e empobrecer – qualquer tema relevante no Brasil,abuso sexual só é combatido com eficiência quando abordado com uma conversa aberta, em casa e na escola. A informação certa, transmitida com a pedagogia adequada, é a melhor aliada no enfrentamento à pedofilia. Empurrar o assunto para debaixo do tapete e simplesmente não abordá-lo com as crianças é um erro.

Aos pais, cabe responsabilidade com os conteúdos que os filhos assistem, sem fugir dos temas espinhosos. Portanto reproduzo aqui a orientação às dezenas de pais que me procuraram nas útlimas horas: não, seu filho não deve assistir o filme da Netflix. Mas sim, você deve tocar neste tema com a criança para prepará-la para a vida. Isso é educação.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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