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Psiquiatra infantil
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Adolescentes: mais conectados, mais sozinhos

Pesquisa americana demonstra que uso de mídias sociais explica a solidão dos jovens

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 1 set 2021, 17h45 - Publicado em 1 set 2021, 15h11

Jonathan Haidt, psicólogo da Universidade de Nova York, e Jean Twenge, professor de psicologia na Universidade Estadual de San Diego, acabam de publicar um estudo curioso no The Journal of Adolescence: de 2000 a 2012, o sentimento de solidão dos jovens nas escolas permaneceu estável, com menos de 18% reportando um nível elevado. Mas em 36 dos 37 países pesquisados, o sentimento de solidão aumentou de 2012 para cá. A partir de 2013, esse índice cresceu significativamente: na Europa e na América Latina praticamente dobrou, enquanto que no leste asiático cresceu 50%.

Em artigo recente no jornal The New York Times, os autores contaram que decidiram investigar fatores que poderiam justificar tal crescimento: da diminuição do tamanho das famílias a mudanças no Produto Interno Bruto dos países, passando por aumento do desemprego e da desigualdade sócioeconômica. O resultado, no entanto, traiu todas essas hipóteses: apenas o acesso a smartphones e o uso da internet haviam crescido na mesma proporção da solidão entre os adolescentes.

Haidt e Twenge apontam que uma das questões científicas mais recorrentes é se, afinal, jovens que passam muitas horas on-line teriam ou não impacto em sua saúde mental, em comparação com os adolescentes que usam pouco as redes sociais. Os dois autores são taxativos: a resposta é sim. E a situação é ainda mais crítica entre as meninas.

As novas gerações estão crescendo em um mundo multitelas, de atenções dispersas, falta de foco, alto grau de ansiedade e hiperatividade. Os especialistas americanos lançam um desafio interessante: dar aos jovens um período durante o dia no qual eles não possam ser distraídos por smartphones e celulares. Para os autores, este período é justamente as horas em que a criança está na escola. É durante essas horas que eles praticariam “a arte perdida de prestar atenção completa às pessoas – incluindo os professores”, desafiam.

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Um dos maiores fenômenos das redes sociais da atualidade, a bebê Alice viralizou e conquistou o Brasil – e de quebra virou garota-propaganda de marcas – ao falar palavras difíceis para uma criança de dois anos. Em entrevista, ao explicar como a menina conseguia falar com tanta desenvoltura e clareza, apesar da pouca idade, a mãe de Alice foi taxativa: a filha não vê TV e nem usa celular, como recomenda, aliás, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Cabe aos pais, responsáveis e professores auxiliarem crianças e jovens em sua jornada de amadurecimento e uso inteligente das facilidades tecnológicas. Os gadgets e redes sociais, por si só, não implicam risco ou dano. O perigo mora no uso que se faz delas.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na pós-graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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