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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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NO DIA DO CORAÇÃO ENTENDA A PREVENÇÃO

O Brasil está envelhecendo e com o aumento na expectativa de vida da população é de se esperar um incremento na prevalência de doenças cardiovasculares. Assim tem ocorrido em países desenvolvidos, mas diferentemente do que ocorre no chamado “primeiro mundo”, as economias emergentes ainda se deparam com uma perturbadora taxa de ocorrência de doença coronariana […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 18h31 - Publicado em 29 set 2014, 19h49

coracao

O Brasil está envelhecendo e com o aumento na expectativa de vida da população é de se esperar um incremento na prevalência de doenças cardiovasculares. Assim tem ocorrido em países desenvolvidos, mas diferentemente do que ocorre no chamado “primeiro mundo”, as economias emergentes ainda se deparam com uma perturbadora taxa de ocorrência de doença coronariana e derrames cerebrais em indivíduos na meia idade, em plena vida laborativa. A expectativa de aumento para os próximos anos na prevalência de Diabetes, obesidade e, consequentemente, doença aterosclerótica, ameaça especialmente homens e mulheres pertencentes aos estratos sociais de menor poder aquisitivo, mais expostos a poluição ambiental, tabagismo e sedentarismo, privados de preciosas horas de sono devido ao comprometimento cada vez maior da mobilidade urbana e mais propensos ao consumo de alimentos de baixo custo, baixo valor nutritivo e alto valor calórico.  No Brasil, a obesidade já acomete 18% da população, a pressão alta afeta 31% dos habitantes e 17% são tabagistas.  Entre nós as doenças cardiovasculares são a causa isolada mais frequente de morte, segundo o DATASUS e a pressão alta pode ter participação em até 80% destas mortes.

Segundo estudo publicado mês passado no New England Journal of Medicine, mais de um milhão e meio de mortes no mundo secundárias a causas cardiovasculares em 2010 puderam ser atribuídas a consumo excessivo de sal. Dentre estas, totalizando quase 10% do total de mortes cardiovasculares, quatro em cada cinco mortes ocorreram em  países de média e baixa renda e dentre elas, 40,7% atingiram indivíduos antes dos 70 anos de idade.

Há alguns anos, um grande estudo desenvolvido nos cinco continentes,  comprovou a decisiva influência de seis fatores de risco – gorduras no sangue, hipertensão, obesidade abdominal, sedentarismo, estresse psicossocial e tabagismo – e três fatores protetores – consumo moderado de álcool, exercício físico e consumo diário de frutas e vegetais – no risco atribuível de infarto do miocárdio.  Mais de 90% dos casos de infarto poderiam ser explicados pela interação destes fatores, relegando influências genéticas, ainda que não desprezíveis, a um segundo plano. Em outras palavras, uma pessoa mais propensa a sofrer um infarto por conta de pesada história familiar, poderia assim mesmo reduzir consideravelmente suas chances de experimentar um desfecho mórbido seguindo um estilo de vida saudável.

Em apoio a esta afirmação, acaba de ser publicado um estudo sueco, onde mais de vinte mil homens entre 45 e 79 anos foram acompanhados durante onze anos, com registro preciso de hábitos dietéticos, prática de exercícios, consumo de álcool e tabaco. Neste período, 1261 pessoas sofreram um infarto do miocárdio. Os homens classificados como praticantes de cinco hábitos de “baixo risco cardiovascular”, adotavam uma dieta rica em frutas, vegetais, fibras e peixe, consumiam álcool moderadamente (10 a 30 g/dia) praticavam exercícios físicos aeróbicos regularmente, não fumavam e exibiam uma circunferência abdominal menor que 95 cm. Este grupo, infelizmente compreendendo apenas 1% da amostra estudada, experimentou redução de praticamente 80% ao longo de 11 anos no risco de sofrer um infarto. As chances de infarto decresciam em 64%, 44%, 23% e 16% respectivamente conforme a adoção de quatro a apenas um destes cinco hábitos.

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Hoje, 29 de setembro, comemora-se o dia internacional do coração. São soberanas as evidências imputando ao estilo de vida a responsabilidade pelo avanço da doença aterosclerótica, não obstante a queda observada na mortalidade cardiovascular em muitos países, inclusive no Brasil. Entretanto, nas economias emergentes, o retardo na adoção de políticas públicas preventivas frente à epidemia de obesidade e Diabetes esperada para os anos vindouros poderá rapidamente neutralizar estes ganhos e inverter a direção da curva. É, portanto, responsabilidade de governos, sociedades médicas e de profissionais em seus consultórios, somar esforços para conscientizar e educar a população, idealmente ainda na idade escolar. Do contrário, estaremos transferindo às gerações de nossos filhos e netos uma conta muito difícil de ser paga.

Referências:

1. World Health Organization in https://www.who.int/nmh/countries/bra_en.pdf.  Acessado em 26 de setembro de 2014
2. Mozaffarian D, Fahimi S, Singh GM et al. Global Sodium Consumption and Death from Cardiovascular Causes. N Engl J Med 2014;371:624:34
3. Yusuf S, Hawken S, Ounpuu S, Dans T et al. Effect of potentially modifiable risk factors associated with myocardial infarction in 52 countries (the INTERHEART study): case-control study. Lancet. 2004;364:937-52
4. Akesson A, Larsson SC, Discacciati A, Wolk A. Low-Risk Diet and Lifestyle Habits in the Primary Prevention of Myocardial Infarction in Men. A Population-Based Prospective Cohort Study. J .Am Coll Cardiol 2014;64:1299-1306

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SÉRGIO EMANUEL KAISER
Mestre em Cardiologia
Doutor em Fisiopatologia Clínica e Experimental
Professor Adjunto de Medicina Interna da UERJ
Fellow da International Academy of Cardiovascular Sciences
Fellow do American College of Cardiology

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