Fabiano Serfaty
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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
Mamografia de qualidade: detectando o câncer de mama com precisão
O examea é crucial na detecção precoce da doença em todo o mundo
A mamografia é o principal exame para detecção de câncer de mama. Ela é usada como estratégia de rastreamento para a doença em todo o mundo. Contudo, esse exame pode apresentar um resultado que não corresponde à situação real do paciente. Essas falhas são os chamados falso positivo ou falso negativo. Os diagnósticos falsos estão, muitas vezes, relacionados à qualidade dos exames de mamografia. O Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM) tem como objetivo avaliar o desempenho da prestação dos serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia no Brasil, sejam eles associados ao SUS ou não. Através do PNQM é possível mensurar a dose de radiação empregada nos exames, por via postal, e mensurar a qualidade da imagem de simulador radiográfico de mama. A colaboração entre Inca e Vigilância Sanitária do Município do Rio (Ivisa-Rio) se iniciou no ano de 2018, levando a um aumento dos serviços de diagnóstico por imagem cadastrados e aprovados pelo PNQM. Para explicar a relevância desta colaboração e suas implicações na saúde da população, convido Karla Reis, a coordenadora da Coordenação de Vigilância Sanitária de Serviços e Produtos de Interesse à Saúde do Instituto Municipal do Rio de Janeiro de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Invisa).
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como o Programa Nacional de Qualidade em Mamografia (PNQM) está influenciando a detecção precoce do câncer de mama no Brasil?
Karla Reis: O PNQM está desempenhando um papel crucial na detecção precoce do câncer de mama, garantindo que os exames de mamografia sejam confiáveis e eficazes. De acordo com a Portaria de Consolidação nº 5 do Ministério da Saúde, de 28 de setembro de 2017 (Origem: Portaria GM/MS nº 2898 de 28/11/2013), o PNQM é obrigatório a todos os serviços de radiologia que realizam mamografia, no território nacional. Ele tem por objetivo avaliar o desempenho da prestação dos serviços de diagnóstico por imagem que realizam mamografia, com base em critérios e parâmetros referentes à qualidade da estrutura, do processo, dos resultados, da imagem clínica e do laudo. Considerando-se que os programas de rastreamento de câncer de mama visam à melhoria da saúde pública, as ações de controle de qualidade direcionadas à obtenção de imagens satisfatórias, expondo as pacientes à doses de radiação aceitáveis, constituem componente de grande importância desses programas.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Pode compartilhar exemplos de como os diagnósticos falsos na mamografia afetam as mulheres e como o PNQM está abordando esse problema?
Karla Reis: Diagnósticos falsos podem causar ansiedade e atrasar tratamentos. A implementação do PNQM contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama, em especial devido ao diagnóstico tardio por má qualidade das mamografias.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como o PNQM está alavancando tecnologia avançada na melhoria da qualidade dos exames de mamografia?
Karla Reis: O PNQM incentiva o uso de tecnologia avançada e práticas atualizadas para melhorar a qualidade das imagens e a precisão dos exames. Para que a mamografia possa cumprir o seu objetivo, são requeridos o controle da dose da radiação e alta qualidade da imagem e da interpretação diagnóstica. Para tanto, são necessários equipamentos específicos e em perfeitas condições de funcionamento, técnica radiológica rigorosa e posicionamento correto, assim como médicos interpretadores qualificados.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como a colaboração entre o Inca e a Vigilância Sanitária do Município do Rio de Janeiro tem transformado a prestação de serviços de mamografia?
Karla Reis: Essa colaboração reorientou procedimentos e fiscalização sanitária, desempenhando um papel fundamental na promoção da qualidade e na conformidade dos serviços de mamografia, refletindo-se na busca pela certificação do PNQM. Esses resultados demonstram a importância da vigilância sanitária como agente regulador na área da saúde e a sua capacidade de impactar positivamente a prestação de serviços de mamografia.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Além dos resultados do PNQM, existem lições valiosas que podem ser aplicadas em âmbito global para aprimorar o rastreamento do câncer de mama?
Karla Reis: Certamente, os resultados positivos do PNQM, incluindo a crescente adesão e a melhoria da qualidade, podem servir de inspiração para outros países aprimorarem suas práticas de rastreamento do câncer de mama.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como a pesquisa de pós graduação em andamento realizada pelo Ivisa no Laboratório de Ciências Radiológicas da Uerj (LCR) pode impulsionar ainda mais a detecção do câncer de mama?
Karla Reis: A pesquisa em andamento fornecerá dados atualizados que podem influenciar políticas de saúde e práticas de rastreamento, ampliando o impacto da detecção do câncer de mama. Isto levará a um aumento da sobrevida e taxa de cura, aumentando a efetividade da política pública nesta área e fomentando novas pesquisas sobre esta temática.
Dr. Fabiano M. Serfaty: Como a melhoria na qualidade dos exames de mamografia, resultante do PNQM e da colaboração com a Vigilância Sanitária Municipal do Rio de Janeiro, pode afetar positivamente todas as mulheres no Brasil? E por que esse trabalho é fundamental na cidade do Rio de Janeiro, podendo beneficiar mulheres em todo o país?
Karla Reis: A melhoria na qualidade dos exames de mamografia tem um impacto direto e positivo em todas as mulheres no Brasil, pois garante que a detecção precoce do câncer de mama seja precisa e confiável. Isso significa tratamento mais eficaz e maiores chances de cura.
A parceria entre o Inca e a Vigilância Sanitária Municipal do Rio de Janeiro é fundamental, pois o Rio é um dos principais centros médicos do país. Garantir a qualidade dos exames de mamografia na cidade do Rio não só beneficia as mulheres locais, mas também estabelece um padrão de excelência que pode ser adotado em todo o Brasil, proporcionando benefícios a mulheres de todas as regiões. Portanto, o trabalho do Ivisa no Rio de Janeiro é fundamental para a saúde de mulheres em todo o país.
Profissonal convidada:
Karla Reis:
Coordenadora da Coordenação de Vigilância Sanitária de Serviços e Produtos de Interesse à Saúde do
Instituto Municipal do Rio de Janeiro de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio).
Referências:
3- https://www.annalsofoncology.org/article/S0923-7534(19)41434-8/fulltext
4- https://www-pub.iaea.org/MTCD/Publications/PDF/Pub1482_web.pdf
5- https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/parametros_rastreamento_cancer_mama.pdf
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