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Por Fabiane Pereira, jornalista
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Natura Musical abre inscrições pro edital 2022

Um dos principais fomentos musicais do país aposta na expansão artística para países latinos

Por Fabiane Pereira Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 17 ago 2022, 16h14 - Publicado em 17 ago 2022, 16h13

Não é novidade nenhuma para quem acompanha essa coluna que sou uma entusiasta do edital Natura Musical. A plataforma de cultura da marca Natura é responsável por fomentar uma cena importantíssima dentro da cadeia produtiva da música há quase duas décadas através de seu edital. E isso é louvável e deveria ser exemplo para outras marcas. Não se investe em cultura com ações pontuais. A gente só muda uma realidade quando apostamos a longo prazo. Mas falarei sobre isso em outra coluna.

Nesta eu quero apenas informar a todos que as inscrições para a edição deste ano estão abertas e artistas, bandas, coletivos e festivais poderão enviar suas propostas. Mais uma vez, a prioridade da plataforma é apoiar projetos de artistas e regiões historicamente sub representados com seleções específicas para a Amazônia e para os estados da Bahia, de Minas Gerais, do Pará e do Rio Grande do Sul.

A grande novidade deste ano é uma categoria exclusiva para promover a música brasileira na América Latina, especialmente nos países em que a Natura tem atuação – Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México.

O Natura Musical continuará selecionando novos trabalhos de artistas e bandas que queiram lançar álbuns ou circular em território nacional e coletivos, festivais e casas de shows que proponham programações e experiências ao vivo. Este ano o investimento da plataforma é de R$ 6 milhões. Deste total, R$ 2 milhões serão destinados a projetos nacionais, mantendo 20% desta verba para artistas e iniciativas da região Amazônica. Os outros R$ 4 milhões serão distribuídos para iniciativas nos estados da Bahia, de Minas Gerais, do Pará e do Rio Grande do Sul. Mais uma vez, a seleção será feita com a avaliação de uma rede de curadores do mercado musical.

Conversei com a Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding, sobre a edição deste ano. Se você é produtor ou artista, vale conferir este papo:

Fabiane Pereira – A pergunta que não quer calar: quais as novidades do edital Natura Musical 2022?

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Fernanda Paiva – Esse ano, acompanhando a expansão da marca Natura para a América Latina, também queremos projetar a música brasileira no mundo. Por isso, no edital Nacional abrimos uma nova categoria para artistas que já tenham um reconhecimento da crítica, do público e do mercado e que desejam expandir suas conexões para outros territórios. Abrimos espaço para turnês e projetos internacionais que passem por países da América Latina – principalmente Argentina, Chile, Colômbia, Peru e México, estabelecendo intercâmbios com as cenas locais.

FP – Em que a edição deste ano se difere das dos anos anteriores?

Fernanda Paiva- Estamos incentivando a retomada das experiências ao vivo. Tanto para artistas como para bandas, vamos estimular o lançamento de novos trabalhos, mas buscamos pelo menos uma experiência presencial – show, turnê. Entre os coletivos e projetos de fomento da cena, direcionamos para para casas de show, festivais e programações que movimentam a cena musical e contribuem na expansão de público e formação de plateias. Além disso, tivemos evoluções nos nossos critérios, que consolidam o nosso compromisso com diversidade e inclusão ao mesmo tempo que abrem espaço para a criatividade e o frescor da nossa música. Continuaremos com a nossa ação afirmativa de destinar 20% dos nossos recursos para a região Amazônica.

 

FP – O Natura Musical já há alguns anos têm apoiado projetos e artistas historicamente sub representados. Sob esse aspecto, como será esse ano?

Fernanda Paiva – Esse é um trabalho contínuo, que a gente avança a cada ano. De fato, a pluralidade é um direcionador das nossas escolhas há alguns anos. O edital já vinha fazendo esse movimento e tivemos, em outras edições, artistas muito emblemáticos em seus discursos conectados à diversidade e à inclusão. A cada ano renovamos nossos critérios, categorias e processo de curadoria para deixar as nossas escolhas mais intencionais. Estamos caminhando para olhar essa representatividade de forma transversal – do palco às equipes técnicas. O retrato da nossa última seleção revela a interseccionalidade, com mais da metade da cesta com projetos de mulheres, mais de metade da cesta de artistas negros, artistas LGBTQIA+, indígenas de diversas cenas – nos projetos individuais mas também nos coletivos (como Favela Talks, Mostra Pankararu, Pagode por Elas, Crias de Curupira, entre outros). Também estamos atentos à distribuição dos recursos e no último ano, mais do que os 20% estipulados para a Amazônia foram destinados a projetos da região.

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FP – Quanto que a marca vai direcionar para os projetos selecionados este ano?

Fernanda Paiva – Completando 17 anos de plataforma cultural, Natura Musical vai disponibilizar R$ 6 milhões no Edital Natura Musical 2022. Deste total, R$ 2 milhões serão destinados para o Edital Nacional (que em mais um ano destina 20% para projetos da região amazônica) reafirmando seu compromisso com o fortalecimento da cultura local. E assim como nas edições anteriores, teremos os editais regionais que destinará R$ 1 milhão para o Pará, via Lei Semear, R$ 1 milhão para a Bahia, via Lei FazCultura, R$ 1 milhão para Minas Gerais, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais – LEIC e R$ 1 milhão para o Rio Grande do Sul, via Lei Pró-Cultura.

FP – Quais as categorias desta edição?

Fernanda Paiva – Nesta edição, o Edital se concentra em 3 categorias: Música Brasileira na América Latina (edital nacional), que busca conexões com a cena latino-americano, voltada para artistas e bandas com reconhecimento de público, crítica e mercado, mirando resultados que podem ser desde novos produtos (álbum, EP, clipe), até turnês por países onde a Natura atua; Novos Trabalhos (edital nacional e regional), focado no fortalecimento de artistas em ascensão e/ou consolidação da carreira e Circulação e Programação ao Vivo (nacional e regional), para fomentar iniciativas que estimulem o presencial seja com festivais, projetos especiais ou programação de casas noturnas, mirando no fortalecimento e criação de público.

FP – Quais os critérios de seleção para a escolha da curadoria que vai analisar os projetos este ano?

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Fernanda Paiva – Todos os anos reunimos uma rede de curadores formada por artistas, produtores, jornalistas, empreendedores e profissionais de diferentes origens e trajetórias no mercado musical para avaliar os projetos, tanto individualmente como coletivamente. Entre os critérios estão a relevância musical da proposta, a autenticidade em suas linguagens, analisamos suas narrativas e os impactos que elas causam na cena, quais são suas capacidades de mobilização, além do frescor que ela traz. Isso sem contar no compromisso com o impacto positivo e qual o seu potencial de conexão com diferentes públicos e redes.

 

FP –  Projetos musicais como livros, pesquisa e eventos poderão ser contemplados na edição deste ano?

Fernanda Paiva – Nesta edição nosso desafio é essa expansão que promova um intercâmbio com a cena latino-americana, além do foco na formação de público, estimulando a experiência do ao vivo, seja através de festivais, turnês ou programações em casas de show ou centros culturais. Projetos de livros e pesquisa podem entrar como lançamentos na categoria de novos trabalhos, desde que também promovam algum tipo de experiência ao vivo.

 

FP – Quais projetos contemplados nos últimos anos de edital que surpreenderam a marca em relação a visibilidade, amplificação e conexões?

Fernanda Paiva – Em 17 anos de existência, a plataforma cultural Natura Musical já apoiou mais de 600 projetos de todo o país. Todo ano temos projetos que se destacam em premiações, como os últimos discos de Elza Soares, Juçara Marçal, Margareth Menezes e Amaro Freitas. Também temos nomes que consolidam novos momentos de carreira de artistas como Rico Dalasam, Letrux, Tuyo, Mariana Aydar. Todo ano também temos encontros inéditos, como o que Russo Passapusso prepara em parceria com os mestres Antônio Carlos e Jocafi. Eles lançam logo mais o álbum Alto da Maravilha, um projeto histórico, afetivo e identitário, que reúne diferentes gerações baianas em parcerias inéditas. Outro exemplo é o projeto Os Amantes, que reúne Jaloo e a banda Strobo. Na programação ao vivo, destaque para a terceira edição da Mostra Pankararu de Música, que promove a visibilização e o fortalecimento do povo Pankararu, originário de Jatobá e Petrolândia, interior de Pernambuco. Em Brasília, teremos esse ano o projeto Favela Talks, um desdobramento do projeto Favela Sounds, que fomenta e dá projeção para a periferia do Distrito Federal.

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FP – Quais os desafios do Natura Musical para se reinventar todos os anos num edital que é considerado o mais importante edital de música do país?

Fernanda Paiva – Para nós, o Edital é um momento importante do ano para nos conectarmos com diferentes perspectivas e experiências, além de renovar nosso olhar sobre a cena musical. Ao mesmo tempo que o Edital nos traz frescor, novas referências, é também um momento que apontamos novos caminhos, indicamos para onde estamos olhando. Como visão de longo prazo, a Natura Musical tem esse papel de materializar a essência da marca Natura, que a cada ano vai acrescentando novas camadas. Nesse momento de expansão, a plataforma assume esse papel de projetar a música brasileira para outras geografias, a fim de valorizar esse patrimônio de humanidades. Ao mesmo tempo, consolidamos o nosso compromisso de fomento à música aqui no Brasil, evoluindo as demais categorias, critérios e também o processo de curadoria, reforçando nossos compromissos para gerar impacto positivo.

 

FP – Como gestora, quais são os grandes desafios do setor cultural para o próximo ano considerando que estamos saindo de uma pandemia num cenário sem incentivo governamental?

Fernanda Paiva – O ano de 2022 é um ano marcado pela retomada do setor cultural, com atividades presenciais: artistas lançando novos trabalhos, turnês voltando para a estrada, novas casas de show surgindo, a volta dos festivais e as marcas voltando a investir no setor. É um novo começo, em uma cena que teve muitas restrições nos últimos anos. Acreditamos que essa retomada ainda vai demandar esforços e investimentos coletivos e institucionais. A nossa convivência com o mercado nos ensinou que um ambiente mais sustentável é fruto de uma combinação de políticas públicas, investimento privado e financiamento da própria cadeia e do público. Não vemos uma solução única, que atenda a todas as demandas de um mercado que é tão diverso. Nosso papel é manter o olhar atento e um diálogo com o mercado, com outras instituições, empresas e governos para construir caminhos, influenciar estruturas e ampliar o impacto das nossas ações.

 

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