Luana Araújo: uma maestrina no rádio
Executiva de projetos especiais da emissora antecipa as novidades do Festival Novabrasil
Trabalhar num mercado dominado por homens não é fácil para nenhuma mulher, mas tem ficado mais confortável com o passar dos anos e com a promoção, cada vez mais frequente, de ações de equidade de gênero. Luana Araújo sabe disso e é uma das responsáveis por tornar a rede de rádios Novabrasil FM mais plural e inclusiva. Recentemente a rádio tornou-se a primeira do país a ganhar o selo IGUAL, do WME, uma iniciativa pra empresas que têm em seu quadro de funcionários 50% ou mais de mulheres. Ela também está à frente da coordenação do Festival Novabrasil que acontecerá nos dias 15 e 16 de outubro. A edição deste ano tem muitas novidades em relação as demais já promovidas pela rádio. É a primeira vez que o evento acontecerá durante dois dias, também é a primeira vez que o festival vai promover os shows de duas mulheres como head liners (Gal Costa no dia 15 e Elba Ramalho, dia 16) e o samba também fará sua estreia no festival com shows de Jorge Aragão (15) e Diogo Nogueira (16).
Como uma maestrina, Luana Araújo junta pontas, apara arestas e tenta conciliar as demandas de todas as outras áreas do evento. Há 14 anos cria e executa projetos especiais. Tem passagens pelo Estadão, Edições Globo Conde Nast e rádio Eldorado. “Em 2016 aceitei o desafio de implementar a área e cultura de venda de projetos especiais na Novabrasil. A área ganhou muita relevância, respondendo a quase 20% do faturamento da emissora. Em 2020, com a pandemia, além da gestão dos projetos comercias, assumi a gestão da área de marketing, onde posso explorar o tema brasilidade como posicionamento de maneira mais abrangente e alinhada à geração de novos negócios”, relembra Luana.
Conversei com Luana Araújo sobre as dores e as delícias de trabalhar na maior rede de rádios que promove a música brasileira do país. Parte desse papo segue abaixo. Mas antes vale dizer que a Novabrasil FM atua em 11 praças e alcança mais de 400 cidades impactando mensalmente mais de 5 milhões de ouvintes. Já o Festival Novabrasil receberá no dia 15 de outubro shows de Gal Costa, Lab Fantasma (Emicida, Rael, Drik Barbosa e Fióti), Zeca Baleiro com participação de Juliana Linhares, Baby do Brasil e Pepeu Gomes, Jorge Aragão e banda Gilsons. Já no dia 16, os shows serão de Elba Ramalho, Nando Reis, Frejat, Diogo Nogueira, Vanessa da Mata e banda Bala Desejo com participação de Duda Beat. Outros artistas ainda serão confirmados.
Fabiane Pereira: Você é gerente de projetos especiais da maior rede de rádios de promoção de música brasileira do país. Quais os projetos especiais que uma grande rádio promove?
Luana Araújo: A área de projetos sempre acompanha o comportamento das pessoas, antes mesmo de tratá-las como audiência. A partir desse olhar é possível entender oportunidades de negócios para além do core principal da empresa. O guarda-chuva “brasilidade” abre brechas para trabalharmos com projetos alinhados a cultura, música e abordando o modo de ser criativo e original do brasileiro. Além do Festival Novabrasil, que hoje é um dos principais projetos da marca, temos iniciativas voltadas a educação, mercado financeiro, turismo, cultura e gastronomia que envolvem entregas 360, com produção de conteúdo para as mais diversas plataformas e formatos, eventos e ações promocionais.
FP: Temos poucas mulheres ocupando cargos como o seu. Mas a Novabrasil FM acaba de ganhar o selo IGUAL, do WME, uma iniciativa pra empresas que têm em seu quadro de funcionários 50% ou mais de mulheres. Como você analisa esta chancela (selo IGUAL) e o mercado da música a partir desse prisma de ocupação?
LA: Fico muito honrada de fazer parte desse momento da empresa e do mercado musical como um todo. Promover a diversidade nos ambientes corporativos é fundamental para a sustentabilidade dos negócios. Acredito que esse movimento ainda precisa evoluir muito e chegar principalmente nos cargos de liderança e de decisão. A Novabrasil é a primeira rádio a conquistar a certificação e espero que isso possa “puxar o bonde” e provocar mais marcas e empresas a buscarem promover essa evolução nos seus quadros fixos e remotos (envolvendo parceiros, fornecedores e prestadores de serviço).
FP: Quais os desafios de estar à frente de um dos maiores festivais de música do Brasil?
LA: Promover um grande evento apenas com nomes da MPB já é por si só um grande desafio. A gente se propôs a fazer uma edição alinhada a todas as movimentações de marca e conteúdo que a Novabrasil promoveu nesses últimos dois anos. Isso fez com que conseguíssemos viabilizar um lineup dos sonhos, com representantes de diversos gêneros da música brasileira num encontro realizado pela primeira vez em dois dias de evento. Além de pensar e produzir um evento com essa magnitude, temos ainda o desafio de atrair anunciantes num período em que serão realizados muitos outros festivais. A música tem um poder transformador e é capaz de aproximar as pessoas e gerar experiências memoráveis. O festival é uma grande oportunidade de negócio para que as marcas possam estar próximas de um público de mais de 20 mil pessoas, amantes de cultura e música nacionais.
FP: Com a retomada dos shows presenciais, o circuito de festivais de música está a todo vapor. Qual o diferencial do Festival Novabrasil?
LA: A pandemia, forçou muitos projetos musicais a olhar para o mercado interno de outra maneira. O Festival Novabrasil acredita e aposta na potência e qualidade da nossa música desde sempre. A MPB é um dos nossos maiores patrimônios, pelo que queremos ser lembrados e pelo que somos reverenciados mundo afora. O maior trunfo que temos é de ter sido vanguarda nesse movimento de privilegiar e enaltecer a nossa música que particularmente espero que cresça e floresça.
FP: O Festival Novabrasil é um dos raros eventos grandes promovidos por uma rádio. Qual o papel do rádio e de eventos como este para a promoção da música brasileira?
LA: Os eventos da Novabrasil são viabilizados via patrocínio com proposta de rentabilidade via mídia. A concorrência é grande. Fico feliz como consumidora de música, mas fico apreensiva como player. O Festival quer ser um projeto acessível financeiramente e democrático. Não é raro ver pais e filhos no evento, curtindo a mesma música e descobrindo novos sons. No palco, nomes consagrados da nossa música e jovens talentos que trazem na bagagem esses nomes como referência e inspiração. Essa é o propósito do projeto. Acontece no palco e acontece na plateia
FP: Fala-se muito que o rádio acabou. Mas em 2022 o rádio está completando 100 anos da sua primeira transmissão. Como você analisa o mercado de rádio no Brasil?
LA: Quando ouço isso, normalmente penso naquele radinho de pilha, vintage na prateleira da casa da vó (risos). O meio rádio ainda é uma as principais plataformas de comunicação do país. A Novabrasil se posiciona como especialista em áudio, para além do mp3 e do dial. O áudio é o formato do presente e do futuro, respira inovação. Está inserido de maneira linear em diversos momentos do dia de uma pessoa. Isso mostra o potencial que o formato pode ter e ampliar o nosso olhar nesse desafio de pensar o futuro.
FP: O festival acontecerá em outubro. Quais são os próximos projetos que a Nova Brasil FM vai desenvolver após o evento? Pode adiantar algo?
LA: O planejamento 2023 está a todo vapor. Posso adiantar que temos muitos projetos inéditos envolvendo conteúdo e experiências associadas a música e brasilidade.