Leandro Vieira no Paço Imperial e na Central do Brasil
Mostra reúne parte da obra do carnavalesco carioca em uma exposição individual
Certamente Leandro Vieira é um dos carnavalescos mais aclamados do Rio de Janeiro da última década. Dos dez desfiles que levam sua assinatura, o artista consagrou-se campeão em cinco, sendo o mais recente ano passado com a Imperatriz Leopoldinense.
Os atributos da produção do carnavalesco são inquestionáveis mas, o que também chama a atenção é o interesse de curadores, críticos e instituições de arte por sua produção. Desde 2017, Leandro vem ocupando espaços tradicionalmente dirigidos a uma “elite” das artes contemporâneas – desde sempre bastante excludente. De sua produção surgem imagens icônicas que sobrevivem ao período da folia, caso de sua mais famosa obra, Bandeira Brasileira, que ainda hoje, quatro anos depois de sua primeira exibição pública, é a criação carnavalesca de maior exibição em museus brasileiros.
Desde dezembro, Leandro Vieira está com uma exposição individual no Paço Imperial. Com a curadoria de Daniela Name, Corpo popular é uma exposição multilinguagem, que debate a construção artística de fantasias do artista nos 10 desfiles que criou para o carnaval carioca, enfatizando quem as faz (os trabalhadores dos barracões) e quem as veste (os componentes das escolas de samba).
“Conceber visualidade através de uma produção artística que é têxtil, pictórica e resulta num ornamento transformado em vestuário de caráter fantasioso que será performado em desfile, tornou-se não apenas a minha produção artística mais significativa, como também, uma marca que registra meu trânsito visual com os territórios, os anseios e os corpos periféricos que dialogam com a minha experiência suburbana”, diz Leandro.
Corpo popular criou módulos distintos no Paço e na Central do Brasil numa tentativa (nada frustrada) de democratizar o acesso ao projeto (a entrada é gratuita em ambos os espaços), além de lembrar a importância histórica e contemporânea do trem para os cortejos. As escolas de samba amadureceram como uma organização social e cultural em comunidades que margeiam a linha férrea. Além disso, os trabalhadores dos barracões, parceiros dos carnavalescos nas execuções de fantasia, são majoritariamente usuários do trem, meio de transporte muito importante para assegurar a circulação de componentes nos dias de folia.
No Paço, a mostra se dedica ao folião, a quem veste a fantasia. Já na Central do Brasil, o trem-galeria na Plataforma 13 é dedicado aos trabalhadores e artífices dos barracões, parceiros de Leandro na realização dos figurinos que o artista imagina.
No próximo sábado (13), no trem-galeria, integrantes da equipe de Leandro Vieira vai oferecer uma oficina de adereços para o público, às 15h, com inscrições prévias e gratuitas divulgadas pelas redes sociais do projeto ( @corpopopular).
PAÇO IMPERIAL – Praça XV de novembro, 48 – Centro – Rio de Janeiro
Visitação até 25 de fevereiro, das 12h às 18h (de 3as feiras aos domingos)
TREM-GALERIA NA CENTRAL DO BRASIL (trem na Plataforma 13)
Praça Cristiano Ottoni, s/n Centro – Rio de Janeiro – RJ (acesso pelas roletas de passageiros da Supervia)
Visitação: sempre aos sábados (13, 20 e 27 de janeiro) das 9h às 18h.