“Corpolítica”, documentário premiado, chega aos cinemas nesta quinta
Depois de ganhar como “Melhor Documentário” no Festival do Rio e no Queer Lisboa, longa de Pedro Henrique França chega as telonas
Depois de passar por mais de dez festivais e colecionar prêmios nacionais e internacionais, “Corpolítica” estreia nos cinemas nesta quinta, 8 de junho. Dirigido e escrito pela mente inquieta e brilhante de Pedro Henrique França, e produzido pelo ator Marco Pigossi, o documentário discute a importância da representatividade LGBTQIAP+ em cargos políticos e a humanização dos corpos na sociedade e nas famílias brasileiras.
A partir do recorde de candidaturas LGBTQIAP+ alcançado em 2020, Pedro procurou entender a motivação por trás do despertar político na comunidade e acompanhou candidatos e personagens do debate político para o documentário. O grande trunfo do longa é trazer a humanização desses corpos em suas famílias, mostrando que o acolhimento e a coragem para encarar o mundo começa em casa, sobretudo com as mães, que também ganham lugar de destaque no filme.
“Corpolítica” traz depoimentos dos candidatos na disputa de 2020 Andréa Bak, Erika Hilton, Monica Benicio e William De Lucca, além de Fernando Holiday e Thammy Miranda – respectivamente primeiro vereador gay e primeiro vereador trans da Câmara Municipal de São Paulo. Erica Malunguinho – primeira deputada trans eleita no Brasil (2018) -, e Jean Wyllys – que cumpriu dois mandatos como deputado federal e se exilou antes do terceiro, em 2019, por conta de ameaças de morte – também deram depoimentos.
Para Pedro Henrique França, que também é jornalista e roteirista, é necessário continuar discutindo sobre a presença dos corpos LGBTQIAP+ nas estruturas de poder: “Nenhuma lei, das poucas e muito recentes leis de proteção e direitos à população LGBTQIAP+, saiu até hoje do Congresso Nacional. Tudo o que tivemos, veio do Judiciário por omissão do legislativo. Representamos hoje, mesmo com uma sensação de progresso, apenas 0,16% dos cargos eletivos brasileiros. “Corpolítica” quer trazer esse debate para a sociedade, despertar novos corpos a entenderem que é a partir da política que faremos as mudanças necessárias e fazer um chamamento à diversidade na prática, para além do discurso”, explica.
“Um filme tem o poder de tocar, humanizar e fazer refletir. E esse documentário me mobilizou desde o início pelo objetivo de cumprir esses quesitos, sobretudo nessa relação com as mães, humanizando esses corpos, muitas vezes violentados por mentiras, difamações e uma falsa e violenta ideia de pecado, e trazer pro debate a importância que temos de nos posicionarmos e ocuparmos esses lugares”, diz o produtor executivo Marco Pigossi.
https://www.youtube.com/watch?v=xikQdRm3ky8
O longa carrega os títulos de Melhor Documentário no Queer Lisboa e no Festival do Rio, Melhor Filme Nacional no Mix Brasil, Melhor Roteiro no Festival Internacional de Brasília, Melhor Filme LGBTQIA+ no Montreal Independent Film Festival, além de ter sido selecionado para mais de dez festivais nacionais e internacionais, como Mostra de São Paulo, Merlinka Festival, na Sérvia, Hollywood Brazilian Film Festival, em Los Angeles, CinHomo, na Espanha, e Queergestreift, na Alemanha.
A gente também exercita a cidadania quando aproveitamos o feriado de Corpus Christi para lotar as salas de cinema onde o filme estiver sendo exibido. Quanto mais espectadores, mais a sociedade refletirá sobre a importância de termos no parlamento a diversidade do nosso povo.