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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Sob a bênção do passinho, sotaque carioca acentua ascensão do breaking

Encontros entre medalhistas olímpicos e craques brasileiros, no Rio, reforçam mistura sociocultural avessa a fronteiras

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Atualizado em 3 out 2024, 09h27 - Publicado em 27 set 2024, 13h06
Manobra de breaking
Um dos destaques olímpicos do breaking, o holandês Lee treinou no Vidigal (Enzo Krieger/Reprodução)
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Caçula olímpico, o breaking intensifica o compasso da dança de rua no Rio e no Brasil. É voz do morro, do asfalto, da juventude em carne viva. Mistura-se ao funk, ao charme, ao passinho, ao samba, num coquetel avesso a fronteiras.

Acima dos holofotes de Paris 2024, o breaking reluz a prosa e a poesia das esquinas. Afina-se à cultura e à irreverência cariocas. Assim retrata a reportagem de Enzo Krieger sobre os encontros, na cidade, entre medalhistas olímpicos e bambas nacionais. “Estamos conectados pela língua do breakling”, resumiu a campeã olímpica Ami Yuasa, num papo com o repórter. A coluna publica, abaixo, um trecho dessa crônica da ginga urbana:

Estrelas internacionais do breaking, esporte estreante na Olimpíada de Paris, ganharam o Vidigal na tarde ensolarada de 17 de setembro. O treino aberto no centro cultural Visão, parte da Tour de All Stars do Red Bull BC One pela América Latina, embalou uma reunião de craques no alto da favela.

A japonesa b-girl Ami (Ami Yuasa), primeira medalhista de ouro olímpica da modalidade; o holandês b-boy Lee (Lee-Lou Demierre); o austríaco b-boy Lil Zoo (Fouad Ambelj) e o venezuelano b-boy Lil G (Gibrahaimer Beomont) mostraram por que estão entre os melhores do mundo. Os brasileiros b-boy Leony (Leony Pinheiro), pentacampeão nacional, e b-girl Toquinha (Naiara Xavier Santos), atual campeã da etapa brasileira, também prenderam a atenção de todos.

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A atividade se estendeu até a noite, como numa boa roda de samba – regada a troca de experiências, conversas, risos, e até futebol. O entardecer com hip-hop, dança e vista do mar reuniu várias gerações do esporte: dos gêmeos Sankler Jorge e Jorge Luciano Neres de Carvalho, que praticam há quatro décadas, ao b-boy Menor Dog (Lorenzzo de Alexandre), de 10 anos.

Um dia antes do encontro, os astros aprenderam, em Manguinhos, na Zona Norte, o ritmo do passinho, patrimônio cultural imaterial do Rio de Janeiro. Experiências somadas à preparação para as finais do Mundial de breaking 1×1, o Red Bull BC One, que serão disputadas na Farmasi Arena (Parque Olímpico), na Barra, dia 7 de dezembro.

Para Ami Yuasa, “aprender novos movimentos foi enriquecedor”. Ela acredita que o passinho em Manguinhos e a tarde no Vidigal agregaram habilidades à dança: “Fico muito animada por estar aqui com os brasileiros. O breaking é um jeito de se conectar com as pessoas, compartilhar coisas, mesmo que não falemos a mesma língua”, ressaltou a campeã olímpica. Ami ensinou movimentos para as brasileiras e dançou com Andressa Colares, a b-girl Dressa, apresentadora do Red Bull BC One Cypher, em julho, no Circo Voador.

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Amy – breaking – foto de Enzo Krieger
Amy: ouro em Paris (Enzo Krieger/Reprodução)

Lee também estava feliz com as conexões cariocas. Filho de uma dançarina de breaking, ele reconhece que sofreu um (doce) choque cultural no tour pelo Rio: “Cresci em Amsterdã. O jeito que as pessoas vivem aqui é muito diferente. Há muito amor. Tudo que é feito no Brasil vem do coração. É um país rico em alegria. Aprender o passinho foi uma loucura, bem difícil, mas inspirador”.

Leony lembrava que o esporte e a cultura do breaking caminham de mãos dadas. O brasileiro exaltou o intercâmbio de manobras e costumes com os craques estrangeiros. “Isso mostra que são pessoas comuns, que chegaram lá com muito trabalho. Trazer essa galera para interagir com quem busca atingir o lugar deles é um ótimo incentivo”, empolgou-se.

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Lee e Leony impressionaram a galera com as power moves, manobras dinâmicas, acrobáticas e contagiantes. Os dois se divertiram juntos, e viram Sankler Jorge, Jorge Luciano e Menor Dog agitarem a pista de dança montada na favela.

Um rodinha de altinha, singelamente incorporada ao programa, despertou sorrisos e aprendizados. Dançarinos combinaram a agilidade do breaking com as habilidades do futebol. Numa síntese da simbiose sociocultural capitaneada pela dança de rua, Ami, Lee, Lil Zoo e Leony acabaram jogando bola num campinho de terra atrás do centro cultural, e até fizeram gols.  Craque é craque…

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No embalo do Cristo

Corredor na Floresta
(Effect Sport/Divulgação)

Domingo agora (29) 1.200 corredores subirão a Floresta da Tijuca na já tradicional Meia Maratona do Cristo. Serão oxigenados por cartões-postais como Paineiras, Vista Chinesa, Mesa do Imperador, até a recompensa panorâmica aos pés da estátua.

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Os percursos de 21 e 10 quilômetros reunirão participantes de 20 estados, também dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Holanda. Um reflexo do impulso ao turismo empreendido pela corrida de rua na cidade.

Depois da prova, a confraternização seguirá com um café da manhã musical no Largo do Boticário. Organizada pela Effect Sports, com a Tribus Adveture, a quarta Corrida Maravilhosa faz parte dos programas que celebram o aniversário do santuário (12 de outubro).

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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