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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania
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Remada ao alvorecer irriga quintal de preciosidades cariocas

Sua beleza extrapola o visual deslumbrante estampado nas fotos; incide sobre a desaceleração que conecta os madrugadores à simplicidade, ao inestimável

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Atualizado em 2 jan 2024, 16h25 - Publicado em 2 jan 2024, 15h02
 (Foto de Letícia Carauta/Reprodução)
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Madrugada em Copa. Remadores de verão iludem o sono. Juntam-se aos poetas, aos bebuns, aos amantes.

Mal passa das quatro. Sob a bênção do Posto 6, dezenas de cariocas e turistas namoram as pranchas que os levarão até o sol nascente.

Entre as estrelas teimosas e o alaranjado emergente, mulheres, homens, adolescentes, casais fitam a maré como quem vislumbra, salivante, um oásis. Hipnotizados, fingem ouvir o instrutor.

Entram n’água excitados e serenos. Exalam uma reverência instintiva ao delicado limiar da noite com a manhã.

Em cima dos stand-up paddles, transbordam ansiedade. Muitos remam sentados ou de joelhos. Não se arriscam ao banho gelado.

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O mar ainda escuro contrasta com a areia deixada para trás. Ele espreguiça acanhado. Não ameaça sequer os debutantes.

Os madrugadores deslizam num compasso oposto à fúria das remadas olímpicas. Margeiam placidamente o forte, cúmplices do laranja que se intensifica pouco a pouco e anuncia o esplendor dourado. Todos ali aguardam como se o jamais tivessem visto.

Fora um ou outro mergulho involuntário, uma ou outra barbeiragem inocente, logo transformada em zoação, nenhum sobressalto incomoda os 300 metros navegados até o mirante estratégico. Prelúdio de uma sinfonia cromática.

Enquanto os primeiros raios despontam igual crianças desembestadas para o recreio, cliques multiplicam-se insaciáveis. Jorram dos celulares encapados que nove entre dez participantes carregam no pescoço, dos flagrantes feitos pelos instrutores, endereçados às redes, do drone que borboleteia agitado. Sob a mira do drone, até os tímidos fazem pose.

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Fotografias enquadram maiôs cuidadosamente escolhidos para o Insta, remos levantados que transparecem a sensação de glória, sorrisos escoltados pelo cenário cinematográfico. Poetas, bebuns e amantes ensaiam um dedo de inveja.

O tsunami de retratos só recua diante da concavidade flamejante que brota na imensidão líquida. Chega com a imponência de um soberano cuja entrada tudo silencia, tudo magnetiza, tudo ilumina.

As selfies, o oceano, os músculos, as vozes, o relógio, tudo paralisa sob o brilho desvelado. Num bocejo do impossível, os dedos largam as câmeras e a contemplação reina absoluta por alguns instantes.

Em dez minutos o sol se desprende por inteiro. Parecem segundos. Borbulham não a eternidade rochosa, cortejada em mármore, e sim a eternidade fluida das pequenas maravilhas que descalçam as pedras do dia a dia, afagam a alma, redimem as desumanidades.

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A gradual claridade acorda o azul, desperta a lua-de-mel da montanha com o mar. Os olhos valsam pelo cartão-postal. Degustam a praia, o Pão de Açúcar ao fundo, as fachadas reluzentes da orla, a cor celeste – tão vibrante quanto um acordeão sertanejo.

Na volta à beira e às vacas magras, é tentadora a esticada até uma padaria ou um quiosque das redondezas. Café fresco, pão estalando, irresistíveis aromas de um mundo perfeito.

Ao lado de amigos, de pessoas queridas – uma filha, por exemplo –, a curtição dobra. Lembra-nos a dádiva da simplicidade, dos afetos que florescem nas coisas miúdas.

A beleza de um programa assim, sabor de férias, extrapola o deslumbre estampado nas fotos instagraváveis. Transcende a metáfora da renovação em cada amanhecer.

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Sua beleza maior incide sobre a fresta de eternidade em meio às asperezas da rotina. A beleza do respiro escavado na crosta do tempo frenético, o tempo insípido e mecânico das tabuadas, dos livros de ponto, tempo perversamente naturalizado, do qual ficamos reféns.

As preguiçosas remadas ao alvorecer sopram a beleza da desaceleração, da conexão com o inestimável. Não seria estranho se as pranchas levitassem, tamanha a leveza alcançada.

Apesar das violências encardidas, da estupidez epidêmica, o Rio permanece um quintal fértil a essas preciosidades polvilhadas de delicadeza, de alto astral, terapêuticas ao corpo, à vista, à mente. Cultivá-las em 2024, todo ano, todo dia, constitui uma doce urgência.

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Sob a lente dos negócios

Grande esperança do vôlei de praia verde-amarelo em Paris 2024, Ana Patrícia amplia as parcerias fora da quadra. Torna-se embaixadora dos óculos esportivos Bloovs.

Campeã mundial, pan-americana e brasileira, ao lado da igualmente talentosa Duda, ela vai usar modelo da marca espanhola nas competições nacionais e internacionais ao longo do ano, inclusive nos Jogos Olímpicos. Acordos semelhantes podem estender-se a outros craques brasileiros.

Ana Letícia – vôlei de praia
(Divulgação/Reprodução)

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação FísicaOrganizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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