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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Lições prosaicas da Copa do Mundo estreante

Partipação ensolarada dos cariocas soma-se às histórias que, pedagogicamente, pairam acima de fortunas, estatísticas, bolas de cristal

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Atualizado em 15 jul 2025, 09h43 - Publicado em 11 jul 2025, 19h50
Jogadores do Fluminense em partida do Mundial de Clubes da Fifa
O Fluminense ficou em quarto na primeira Copa do Mundo de clubes, nos EUA  (Marcelo Gonçalves / Fluminense F.C./Reprodução)
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Profetas andam na bronca com os cariocas. Contra a maré das bolas de cristal incrédulas, Botafogo, Flamengo e Fluminense navegaram dignamente o oceano que os separa das seleções enfrentadas na Copa.

O mérito descarta a ilusória indiferença e o suposto desgaste das potências europeias, obrigadas a adiar as férias. Extrapola a porosidade dos gramados ao imponderável.

À imprensa, tais façanhas recrutam imunidade a ufanismos e fatalismos simetricamente ativados pela paixão. O compromisso com o equilíbrio por vezes derrapa em análises superficiais, imediatistas, menos inclinadas ao discernimento do que à batuta algorítmica.

Aos gestores, a projeção internacional aponta o desafio de convertê-la em dividendos materiais e imateriais. A tarefa exige avanços nas estratégias de marketing e de patrocínio, ainda concentradas em modelos expositivos.

Aos torcedores, o brilho carioca no Mundial fornece um banho de realidade: nem viramos ferrugem, nem reluzimos com a primazia dos escretes bilionários – irresistíveis a talentos como João Pedro, 23 anos, revelação das Laranjeiras, ironicamente algoz do Flu na seminal.

O atacante de R$ 400 milhões recém-chegado ao Chelsea rendeu, de cara, dois golaços que levaram o time londrino à decisão. Em respeito à raiz esportiva, e ao coração, o jovem conteve a euforia. Esse recanto do peito dinheiro não alcança.

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Fortunas, estatísticas, manuais curvaram-se também ao prosaico estratagema de Renato Gaúcho e seus comandados para segurar a vitória do Flu sobre a Inter de Milão. Cena comparável à espontaneidade dionisíaca das peladas no Aterro.

Acima dos currículos e das vaidades, acima das pranchetas e da inteligência artificial, aquela roda à beira do campo exalava cumplicidade. Ali prevalecia o ardor coletivo imprescindível até a um titã como o Real Madrid.

O futebol nos enlouquece, cantam os tricolores, não só pelas odisseias, pelas proezas de videogame, pelas reviravoltas superiores à ficção. Não só pelos enredos e personagens épicos, pelos olimpos escalados. A graça estende-se às pequenas grandes histórias, espelhos d’alma, inacessíveis à ciência.

Histórias à margem do placar e do BBB eletrônico, histórias cuja poesia cabocla aproxima o herói no pôster do peladeiro.

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Nelas as verdades absolutas silenciam, os extremismos evaporam, a simplicidade reina ensolarada. Histórias sem as quais acabaríamos desgostosos igual Macbeth, certos de que a vida é “contada por um idiota, cheia de som e fúria, sem significado algum”.

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Incontestável

O Fluminense vive o avesso do desgosto. Caminha nas nuvens, alçado a quarto do mundo, atrás apenas de Paris Saint-Germain, Chelsea, Real Madrid. Gigante entre os supergigantes.

Sorte, resmungam os invejosos. Paranormalidade, cravam os místicos. João de Deus nunca jogou tanto, zoam os gaiatos. Incontestável, proclamam os fatos.

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Até pessimistas incuráveis e céticos de almanaque dobram-se ao feito em torno do qual emergem memes, teoremas, oportunidades. Supersticiosos evocam o Gravatinha e toda a mitologia rodriguiana.

Nada, nem a mais sincera prece, beira a carta de amor incontestável escrita pelo Fluminense de Fábio, Thiago Silva, Arias. Não seria exagero o memorável Camisa 3 dividir o justo epíteto. Monstros.

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Adrenalina ecológica

O Rio acolhe duas etapas do XTerra no segundo semestre. Depois de ganhar a Amazônia, em julho, o tradicional circuito off-road passa por Caraguá e Bocaina (agosto); Nova Lima (setembro); Brasília (outubro) e Búzios (novembro).

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Envernizado de ecologia, o espírito aventureiro agrega corrida em trilha, triatlo, mountain bike, natação em águas abertas e endurance. As cinco modalidades reúnem atletas profissionais, amadores, famílias, para os quais o esporte é uma filosofia de vida: triangula adrenalina, responsabilidade socioambiental, sociabilização.

“A prática esportiva envolve cuidar dos lugares e das comunidades que nos cercam. Um compromisso com as futuras gerações”, destaca Mauricio Leal, gerente de Projeto da X3M Entretenimento, organizadora do XTerra no Brasil. Criado há 25 anos, o circuito internacional contabiliza 70 mil participantes, 300 mil espectadores e provas em 45 países.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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