Imagem Blog

Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Bola da vez, corrida de rua levanta poeira no Jockey

Idealizador da experiência inédita, na qual corredores ganham a pista de turfe, destaca que cultura e lazer expandido favorecem a inclusão esportiva

Por Alexandre_Carauta Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 20 jun 2025, 10h58 - Publicado em 20 jun 2025, 10h54
Vista aérea do Jockey
O Hipódromo da Gávea recebe, em setembro, mais de 3 mil corredores na estreante I Love Prio  (Corrida Prio/Divulgação)
Continua após publicidade

Dia 13 de setembro a velocidade retumbante do hipódromo ganha outro som. Em vez dos galopes habituais, tênis batucam pela primeira vez a pista fundada em 1932.

Os circuitos de cinco e dez quilômetros da estreante I Love Corrida Prio desembocam numa confraternização musical ao pôr do sol. Retrato da lua de mel entre o esporte e o pulso cultural da cidade.

“A experiência esticada encanta o público e aumenta o envolvimento esportivo. Isso gera um círculo virtuoso para o bem-estar”, destaca o diretor da X3M, Bernardo Fonseca, pai da inédita corrida humana no Jockey. Carioca de berço e de espírito, ele detalha a iniciativa num papo por vídeo. Exala o entusiasmo de quem coleciona vitoriosas aventuras – maratonas na Antártica, no Saara, no Everest, saltos de paraquedas, ralis – e as converte tanto em estilo de vida quanto em negócios.

O empreendedor e triatleta de 47 anos explica por que a corrida de rua é uma bola da vez, enfatiza a aposta em “experiências épicas” e aponta caminhos para democratizar hábitos saudáveis. A entrevista, segunda da série sobre a comunhão entre atividades esportivas e culturais, precedeu o embarque sorridente rumo ao Monte Delani, no Alasca, o mais alto da América do Norte (6.190 metros). Para Bernardo, um parque de diversão.

Por que a corrida tem se popularizado, especialmente no Rio?

Por vários motivos, desde a vocação esportiva e as maravilhas naturais do Rio até a valorização de programas ao ar livre. Observamos no pós-pandemia um sentimento próximo ao do pós-guerra: queremos viver. O esporte ajuda a satisfazer o apetite pela vida. Isso vale para outras modalidades, mas a corrida de rua, pela facilidade prática, vem crescendo muito. Está cada vez mais participativa. As competições passam a oferecer distâncias variadas, para incluir diversas tribos, e a agregar atividades culturais. São pilares de engajamento.

Continua após a publicidade

A comunhão entre as belezas naturais e culturais da cidade impulsiona esse engajamento?

É lógico. O Rio tem uma atmosfera perfeita para o esporte, sobretudo ao ar livre. Por isso, reúne cada vez mais praticantes de corrida e caminhada. Aliás, caminhada é a prática esportiva que mais cresce. Hoje 50 milhões de brasileiros caminham regularmente. Este salto se deve, em grande parte, a espaços maravilhosos como Paineiras e Vista Chinesa. O Rio é feito de arenas atraentes: Copacabana, Aterro, Floresta da Tijuca. A arena do Jockey estava quicando…

Falando nisso, como nasceu e prosperou a iniciativa pioneira de uma corrida humana no Jockey?

Tanto os fãs quanto os praticantes de esporte estão sempre atrás de experiências originais. Identificamos claramente essa procura, inclusive por acompanharmos comportamentos de consumo referentes à Centauro e à Nike, empresas articuladas ao nosso grupo. Sabemos que esporte não é só prática, é um estado de espírito. Isso casa com a minha filosofia de vida e o meu tino empreendedor, evidenciados em aventuras esportivas, por exemplo, na Antártica, no Everest, no Saara. Sou neurótico por perfeição, inquieto por natureza, em constante movimentação, o que se reflete na cultura da X3M. Respiramos esporte, e buscamos inciativas épicas, originais, como a vinda do Bolt ao Rio para participar do Desafio Mano a Mano em 2013, 2014 e 2015. Quando a Prio (antiga PetroRio) sugeriu que desenvolvêssemos um projeto próprio capitaneado pela corrida, pensamos que o Jockey renderia uma experiência exclusiva e, ao mesmo tempo, conectada à história e à alma cariocas. Então partimos, há mais ou menos um ano, para equacionar aspectos políticos, administrativos, logísticos, esportivos que concretizassem o plano.

Por exemplo?

Modulamos as distâncias de 5 (individual) e 10 quilômetros (individual ou revezamento, em dupla), para evitar percursos em caracol. Criamos um mix de areia, terra batida e grama, com distâncias acessíveis, para todo mundo correr e se divertir. Tivemos também de ajustar a programação para a tarde, de maneira a não atrapalhar a rotina dos cavalos. Questão de empatia: estamos entrando no espaço deles. É o horário mais bonito: a galera vai curtir o pôr do sol, com shows de Dubdogz e da DJ Carol Emmerick. O objetivo é construir momentos marcantes, que inspirem viver algo diferente.

Continua após a publicidade

Os shows refletem a lua de mel entre esporte, cultura, música. A corrida forma um par perfeito com o modelo de diversão expandida?

Esse formato impulsiona a grande missão dos encontros esportivos: conectar as pessoas, na pista e no pós-prova. É um modelo de cauda longa: estica a experiência, encantando e engajando o público, como as marcas querem. Chamamos também de pescoço longo. Inclui atividades pré-evento, como o treino programado para 5 de julho, num percurso entre a orla e a Lagoa, um lugar com carisma natural, visual incrível. São gatilhos para o wellness. Despertam a sensação de bem-estar, contribuindo para tornar o esporte um estilo de vida.

A ciência atesta a importância do hábito esportivo à saúde física e mental. Como democratizá-lo?  

Prática esportiva e saúde andam juntas. À medida que organizações privadas e públicas incentivam e facilitam o acesso ao esporte, o próprio hábito traz benefícios que estimulam a mantê-lo e expandi-lo, gerando um ciclo virtuoso. As pessoas começam a cuidar mais da alimentação, do sono, do bem-estar, passam a exalar felicidade. Isso reverbera positivamente, e nos deixa mais preparados para os desafios do dia a dia. A adesão ao estilo de vida saudável é favorecida pelo caráter inclusivo da corrida de rua, cujas provas, como eu disse, estão abertas a mais tribos e ao entretenimento expandido. Mas, para consolidarmos essa mudança cultural, é preciso um investimento conjunto e efetivo no esporte como alicerce da saúde.

_­­­­­­­­­­­_____

Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
10 grandes marcas em uma única assinatura digital
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de 35,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.